Uma cidade que nunca dorme tem, obrigatoriamente, muitas bocas, de gostos, culturas e paladares diferentes, para alimentar. Reconheço que, os mais puristas, vão franzir o olho e achar que nos Estados Unidos não há nada de especial para comer, que fritos, molhos, guloseimas ou petiscos mais calóricos não são para apreciar, nem saborear, como se o diabo em forma de comida fossem. Gosto que a minha alimentação seja correcta, especialmente em casa, mas o ser turista que há em mim gosta de provar tudo, desde saladas na Grécia aos bagels com ovo e bacon em Nova Iorque.
Por isso, e sem mais demoras (e já com um mês de atraso), sai mais um post sobre a nossa viagem a NY, com referências aos vários locais onde comemos, dignos de partilha. Relembro que, para quem não sabe, aqui em casa gostamos de tascas, comidas de rua, petiscos e afins, pelo que não verão, nesta leva, restaurantes caros e/ou nos quais se percam horas a comer. Se esses forem os vossos favoritos, poupo-vos já o trabalho de lerem tudo até ao fim. Se gostarem de "biroscas" (adoro esta palavra em português do Brasil, que classifica as nossas tascas ou cafés mais simples, aqueles que até têm um espaço de mercearia, por vezes), vamos lá, de quatro em quatro por leva, para não maçar muito.
Johnny Rockets - Logo no primeiro dia, como já partilhei convosco no post sobre compras para os pés, fomos até um outlet em Jersey City (para o qual há autocarros a sair de Manhattan, embora tenhamos ficado em casa de uma amiga muito perto e não o tenhamos usado), o Jersey Gardens. Sendo enorme, com excelentes preços (relembro que em New Jersey não se cobram impostos na roupa, além dos preços já muito rebaixados e dos cupões de visitante), e relativamente longe do centro da cidade, é lugar para ser visitado durante um dia inteiro, o que pressupõe uma refeição por lá (pelo menos para mim que não me tenho em pé horas e horas sem comer). Nós optámos pelo Johnny Rockets, pelo ar de cafézinho/restaurante de filmes, daqueles onde param as pessoas que passeiam de carro pelas longas estradas norte-americanas. Com sofás, uma jukebox por mesa, e empregados simpáticos que, de vez em quando, faziam uma coreografia organizada, pelo restaurante (muito gosto eu de flash mobs, mesmo pequenas!), é um espaço acolhedor, que nos envolve ao ponto de quase nos esquecermos que estamos numa praça de restauração de um shopping, fechado. Comemos hamburguers, cada um com o seu acompanhamento, e apercebi-me do meu imenso amor por batata doce (desta, alaranjada, que nem sei qual é) frita. O resto também estava delicioso; o pão (doce), a carne (de frango), os cogumelos frescos e a cebola tinham sabor de comida muito mais "caseira" do que cadeias como o McDonald's ou semelhantes. As batatas fritas comuns, ainda por cima, são à descrição e há a opção de refill da bebida em alguns menus. O ketchup em formato de smiley estava literalmente de roubar sorrisos e acompanhei tudo com um Dr. Pepper (adoro, adoro!). No final, o preço era ainda mais simpático, custando o mesmo que um restaurante de fast food, mas com muito melhor qualidade e atenção. (Confesso que, saídos de Paris, onde comer fora é algo de luxo, quase todas as refeições que fizemos tinham, para nós, uma relação qualidade/preço bestiais.)
Dunkin' Dounuts - Sou aficionada em Simpsons, o Homer é aficionado em Donuts, pareceu-me portanto impossível deixar de provar uma (ou mais!) gulodices tão apreciadas por ele. Não consegui perceber se, efectivamente, esta era a cadeia de tinha o donuts da série, com cobertura rosa e sprinkles coloridos (embora houvesse um exactamente assim, mas sem qualquer referência à família amarelinha), mas comi vários, incluindo um especial da páscoa, que tinha no meio um Peeps (pintinho típico da época, por aqueles lados) de marshmallow. Admito que os com cobertura colorida não eram os meus favoritos, mas os simples, apenas com açúcar, ou com framboesas na massa, deixaram-me bem impressionada. São produtos totalmente industrializados, numa cadeia que há por todo o lado, portanto nada de artesanal ou caseiro, como os bolos das nossas pastelarias, mas vale a pena provar pelo menos um.
Eli Zabar - Na Grand Central Station (que, por sinal, é absolutamente linda), há um mercado gourmet, com produtos a preços menos amiguinhos do bolso (embora nada de extraordinário, na Grand Epicerie de Paris a coisa é pior), mas com um ar muito natural e fresco, perfeitos para um pic nic. Com o frio que estava, confesso que deixámos uma refeição no parque para uma próxima visita, mas não saímos de lá sem provar algo da padaria/ pastelaria, mesmo no fundo (para quem entra na estação e se dirige à rua), a Eli Zabar. Tudo tinha tão bom aspecto, que foi difícil escolher, mas, pelo bem do consenso, e com vontade de algo que parecesse um lanchinho salgado enquanto fazíamos tempo para o almoço, trouxemos um quadrado de algo que parecia uma pizza mas que tinha outro nome (não me lembro dele e não o anotei... shame on me!) e adorámos. Era realmente fofinho, com tomate fresco, um queijinho muito saboroso e com ar de acabadinho de sair. Quem for até à Grand Central Station, passe pelo mercado, nós voltaremos lá com certeza.
McGee's - Ok, sou influenciável e sou, vou fazer o quê? Andávamos nós, vindos do Times Square, em busca do Burguer Joint, recomendado no nosso guia, quando, do nada, o meu companheiro de viagem (de todas e da vida, vá) me diz que, por ali, deveria ser o bar que inspirou o famoso MacLaren's do How I Met Your Mother (série que seguia religiosamente e que deveria ter ficado no penúltimo episódio). Poucos minutos depois, aguardávamos numa passadeira, quando avisto, por sorte, mais para o fundo da rua W55, entre a Broadway e a 8th Avenue, uma grande faixa branca, com letras pretas, muito discreto e, para quem não conhece, pouco visível, a chamar para o McGee's Pub. Era onde os criadores se reuniam, elaboraram o projecto da série e pensavam nos guiões /roteiros dos episódios iniciais (reza a lenda, pelo menos). Quando se entra vê-se alguma semelhança, especialmente num quadro igualzinho ao bar ficcionado, que fica por cima das mesas à esquerda, e na lareira, mas só nesses pormenores. Algumas fotografias dos actores, uma pequena banca com produtos de merchandise à venda e os nomes de alguns cocktails também nos remetem para a série, mas não descaracterizam, de forma alguma, o McGee's como típico pub irlandês. Os preços, esses, era um bocadinho mais picantes que outros bares e restaurantes (não sei se pela fama recente), mas a comida estava realmente boa. Eu comi uma tortilla de espinafres com camarão, servida com batata doce (Whatelse?) e ele uma Philly Cheesesteak (típica, a provar, para quem gostar muito de carne) e ambas eram muito frescas e saborosas. Sim, tinham muito molho à mistura e algum queijo, mas notava-se que eram pratos confeccionados ali, com ingredientes de muito boa qualidade. Eu sou esquisita com os camarões e estes eram grandes e carnudos, nada como os mirraditos e esponjosos que às vezes se apanham em sanduíches. Não provei nenhum cocktail, que o dia ainda era longo e não queria ficar pesada, com sono e sem vontade de continuar o passeio, mas deixo-vos a lista, caso queiram experimentar as combinações em casa. Se não houvesse outros restaurantes que eu quero conhecer numa próxima visita, seria um espaço onde voltaria, com certeza. É muito bom, simpático e acolhedor, para quem estiver a fugir do frio, ou quiser algo sentado, para descansar, relaxar, ter uma refeição especial e/ou saborear uns petiscos com qualidade.
Brevemente mais quatro locais interessantes (ou não) para comer. Estejam atentos, que isto agora vai-se tentar levar tudo de rajada.
Já comeram em algum destes lugares? O que acharam?
Já comeram em algum destes lugares? O que acharam?
OMG, que estou a ter alucinações com donuts. Os meus dias em NYC foram suficientes para perceber que teria um problema sério se aí morasse, porque a D'D era uma perdição. Ai, que ainda me lembro do Bavarian Cream e de um cujo nome escapa que tinha coco por cima...
ResponderEliminarHmmm delícia! O F. disse-me exactamente o mesmo, que esse seria um problema meu, se morasse em NYC. :D
EliminarOlá Salinha, dicas muito uteis! é possivel comer outras coisas para alem de hamburgers, ainda bem :p
ResponderEliminareu tambem sou apologista de comidas rapidas e baratas em viagem porque nunca há tempo a perder. beijinho e fico a aguardar os proximos posts*
Olá Car. :) Ainda bem que dão jeito. Na realidade, acho que não comemos uma única vez um hamburguer de uma cadeia assim maior, como o McDonalds. Há muitas sandes e pratos rápidos, mas a qualidade de muitos, comparada ao que chamamos junk food, é muito superior. Foi esses que procurámos. :)
EliminarBeijinho
M.