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sábado, 25 de outubro de 2014

Saladão e falação

por Carol Vannier

Está acontecendo uma pequena revolução alimentar aqui em casa. Alguma ficha caiu. Uma ficha que diz que ser bom de boca e comer qualquer legume ou verdura que apareça pela frente não basta. Tem que aparecer todo dia, e em maior quantidade do que vem aparecendo. Não estamos fazendo nada mirabolante, nem temos pretensão de abandonar nossas gulodices ocasionais. Só estamos tentando consumir mais vegetais na nossa rotina do dia-a-dia.

Ultimamente existem muitas pessoas advogando em prol dos alimentos crus e também dos que têm baixo índice glicêmico. O índice glicêmico é uma medida do quanto cada alimento aumenta o açúcar no seu sangue nas primeiras horas após ser ingerido. É uma maneira de avaliar os alimentos mais baseada no efeito que eles têm no seu corpo, diferentemente das calorias. As calorias podem ter sido um guia razoável por muitos anos, mas se baseiam simplesmente na energia que é liberada na queima (literalmente, na combustão) de cada tipo de alimento. Acontece que o que o nosso corpo efetivamente queima é açúcar, e por isso ele é capaz até de transformar proteína e gorduras em açúcar, se for isso que tiver pra usar. Por isso também essas dietas de zero carboidratos costumam dar resultados impressionantes mesmo que sejam à base de bacon e ovos. O problema é fazer os efeitos durarem, mantendo saúde e bem estar.

Já o álcool é um caso mais extremo, pois é um ótimo combustível (nossos carros flex que o digam) mas o corpo não parece ser capaz de transformá-lo em açúcar. O álcool que bebemos vem de processos de fermentação que se iniciam com açúcar, é verdade, mas quem consome esse açúcar são as células de fermento, e não sobra praticamente nada pra nós de açúcar ali, mesmo na tão difamada cerveja. Outra coisa que as calorias parecem ignorar é o processo de cozimento dos alimentos. Por exemplo, quantas calorias tem uma xícara de macarrão al dente ou super cozido? A mesma, né? Mas o índice glicêmico dele vai aumentando a medida que ele é mais cozido.

Eu não acredito que a privação absoluta de carboidratos seja uma saída nem saudável, nem que gere bem-estar. Acho que se esse é o alimento-base do nosso corpo, ele deve ganhar sua cota merecida, junto com todo o resto que também tem sua utilidade - e seus sabores! Mas parece haver uma opinião geral de que alimentos feitos de açúcares mais simples (carboidratos de cadeias mais curtas) por serem muito rapidamente processados no nosso corpo levam a picos glicêmicos, que não fazem bem ao nosso metabolismo. Por isso é comum vermos uma preferência dos nutricionistas a carboidratos mais complexos, de digestão mais lenta, como grão integrais por exemplo. De maneira nenhuma eles deixam de te dar energia, e portanto de te engordar, mas fazem isso de forma mais distribuída, o que parece ser melhor.

Note que eu não tenho nenhuma formação em nutrição ou medicina, e tudo que falo aqui é como leiga que já fez muita dieta. Espero que não tenha falado muita bobagem e peço que qualquer leitor que possa me corrigir o faça. Ficarei muito grata!

Voltando à nossa tentativa de mudança de hábitos, uma prática que surgiu foi a dos sucos verdes. Eles são uma forma inigualável de te fazer consumir uma bacia de verduras cruas que de outra forma seria difícil. Fizemos uns testes com o juicer da minha mãe, mas resolvemos comprar um liquidificador bem poderoso e depois coar. Ele só chegou ontem e por enquanto só fizemos vitamina de morango - um dos nossos lanches da tarde favoritos, e suco de limão com gengibre. Mas assim que tiver resultados interessantes eu compartilho por aqui.

Nesse meio tempo, resolvi explorar mais saladas feitas de coisas cruas, e foi assim que acabei com essa aqui. Em inglês se chamam slaw, ou coleslaw, essas saladas de repolho cru cortado bem fininho, com mais algumas coisas e molho em geral a base de maionese. Mas os slaws já viraram muito mais que isso, e muita coisa além do repolho é usada, e molhos sem maionese também são permitidos. E foi por aí que eu fui. O blog Shutterbean tem várias receitas interessantíssimas, e lendo algumas, me inspirei para fazer o meu próprio, sem muita complicação e com o que achei de interessante no hortifruti.


SALADÃO DE REPOLHO CRU + UM MONTE DE COISAS

Para esse tipo de receita onde não é prático recorrer sempre a anotações, gosto de tirar alguns princípios básicos:

  • Vegetais crus em fiapos finos. Ex: repolho verde e roxo, couve, cenoura, talo do brócolis, brotos, acelga... alguns corta-se na faca, outros um ralador/processador/aquele apetrecho que se vende em camelôs que corta tirinhas finas pode te ajudar.
  • Tudo que você achar meio duro e fibroso demais pra ser comido cru pode ser massageado - isso mesmo, mete a mãozona e massageia! - usando parte do molho para lubrificar. O negócio é intenso! Eu fiz isso com repolho, couve e broto até agora, e não fiz com cenoura nem talo de brócolis.
  • Cebola. Pois é, tem um tempo que descobri que em saladas cruas eu adoro cebola crua. A roxa costuma ser mais usada crua, mas uso a branca também e gosto muito. Sem ela fica meio sem graça. Não precisa ser muito, de 1/8 a 1/4 de cebola por pessoa.
  • Molho: uma proporção de 3 de azeite pra 1 de vinagre é um bom começo. Eu uso muito o balsâmico porque é difícil achar de outros tipos e de boa qualidade. Mas vai do gosto de cada um. Se quiser um toque mais doce, aqueles cremes de vinagre balsâmico caem bem, ou mel, melado, etc. Outras coisas fáceis para incrementar o molho são shoyo, mostarda, limão... sem esquecer do sal e da pimenta do reino ou outra que preferir.
  • Itens especiais: sementes ou castanhas torradas, frutas secas, o que você gostar. Prefiro colocar no final, meio de enfeite.
Pronto! Essa da foto é: 1/4 de repolho roxo, umas 6 folhas de couve, meio saco de broto de feijão (+-125g). 1/2 cebola roxa. Tudo cortado fininho e massageado com azeite, vinagre balsâmico e creme de vinagre balsâmico, sal e pimenta. Pra finalizar, sementes de girassol tostadinhas e cranberries secas - já falei que tô viciada nelas né?

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