Desde que engravidei e especialmente agora, nesta aventura com o bebé A., várias pessoas acabaram por manifestar os seus receios e dúvidas relativamente a tudo o que tem a ver com maternidade. Não me tinha apercebido, anteriormente (porque era assunto que, realmente, não me interessava), das reticências que muitas pessoas têm de ter efectivamente um filho por causa de mitos, medos, estereótipos e deturpações da realidade. Na verdade, e ainda este fim de semana conversava sobre isto com uma amiga, a maternidade está, ainda, envolta em tabus, camuflada num véu rosa pastel com brilhos mágicos, e deus-nos-valha-que-falemos-mal-deste-que-é-um-estado-de-graça-tão-divino!
Pois bem, e antes de começar a escrever sobre a minha experiência (que eu nunca gostei de véus ou peneiras a tapar o sol), deixem-me que avance desde já com a minha posição geral sobre o assunto para não criar confusões e estar tudo claro. Eu não acho que todas as mulheres tenham de ser mães, não acho que isso nos faz melhores, mais femininas ou mais realizadas. Respeito bastante quem opta por não ter filhos e o assume, até porque, nesta nossa sociedade ainda extremamente conservadora, é preciso ter coragem para tal (Eu casei e tive um filho depois dos trinta e tive de ouvir milhentas parvoíces, desde questionarem se eu seria lésbica até afirmarem com toda a certeza que eu já estaria infértil... Enfim!).
Da mesma forma, respeito igualmente quem decide ter filhos e, havendo sensatez e consciência na criação de uma criança feliz, cada um sabe como e quando o quer fazer. Não acho que haja um contexto "ideal" para ter um filho (como tantas vezes eu ouvi) e, estando asseguradas as necessidades básicas do bebé a vários níveis, as pessoas, o casal, os pais, que decidam e ninguém tem de julgar (o processo já é bem complicado sem haver dedos a apontar constantemente, fará com!). Na minha pequena família multi-cultural, o nosso petiz já vai andar sempre entre dois continentes e, nesta nossa mente aventureira, ele será o nosso companheiro de viagem, onde quer que ela nos leve. Nós sabemos que não somos desprovidos de racionalidade, pelo que não lhe faremos mal, mesmo não estando presos a uma casa (e a um crédito que nos tolhe a alma), a um país, a uma vida para o resto dos nossos tempos (até porque tal é cada vez mais impossível, mesmo para quem o deseja). Pelo contrário!
Portanto, e mesmo acedendo a pedidos de partilhar como foi o está a ser este processo, quero lembrar que cada gravidez é uma gravidez, cada parto é um parto e cada criação é uma criação. Há quem adore amamentar, há quem deteste; há quem queira um parto com dor, sentido, em casa, e, outras pessoas, no hospital, com todos os analgésicos aos quais têm direito; há quem se sinta luminosa, radiante, bonita e sexy com uma barriga proeminente, há quem demore para se sentir novamente sensual e irresistível e que não se sinta tão bem com as mudanças que a gravidez faz. Há tantas experiências quanto mulheres e não nos devemos prender a uma apenas, nem nos sentirmos culpadas ou piores por não sermos mulheres que nasceram para ser mãe (porque as há... e muitas!).
Vou relembrando isto ao longo dos textos, mas mulheres receosas por aqui, não levem tão a sério o que dizem como dogmas e verdades únicas. Não tenham medo de serem "más mães". Para falar verdade, não há um manual e todos os pais erram, bastante, e cada um tem o direito de acertar e errar à sua maneira. Se quiserem e acharem que pode ser, força! Que se danem os outros!
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