Os decotes profundos e uma vida sem
soutien não são para todas. Pronto. Tenho dito, repito, e as
grandes defensoras de uma emancipação do peito livre podem parar de
ler aqui e continuar a divagar por outros cantos da vasta web, que
aqui carregamos o estandarte da igualdade de género, sim, mas,
convenhamos, que também somos livres para nos incomodarmos com o
deselegante e o feio. E, vejamos, se push-ups, aros e wonderbras, ou
a falta deles, tivesse alguma relação com a consciência de género
e a emancipação feminina, quão melhor seria o mundo (dada a
quantidade de gente que vejo que não usa o dito suporte como deve
ser).
Há peitos, ou vales abismais (de
grandes e descaídos, de todas as idades – que não é coisa de
mulher “madura”, desenganem-se) que não são para serem
partilhados com os restantes mortais assim, sem aviso, com um decote
que nunca mais acaba. Pelo menos não sem a consciência que vão
atrair olhares (o meu atraem com certeza) pelos piores motivos e não,
não valoriza em nada um busto feminino, pelo contrário. Da mesma
forma que também não são comummente apreciadas (pelo contrário)
tshirts em V nos homens com pelinhos saltitantes e desorganizados,
nem lycras justinhas e transparências a qualquer um que não seja o
Daffyd Thomas, do Little Britain. Nem calções minúsculos a quem
não tiver as pernas da Kate Moss ou com a “polpinha” (como
afectivamente lhe chama o espécimen masculino desta casa) do rabinho
a espreitar lá por baixo, tal qual prisioneiro a planear a sua fuga.
Gosto de curvas, e muito. Mas também
gosto que elas sejam tratadas com carinho, valorizadas, emancipadas
sem perderem o encanto. Isso é possível. A indústria da moda,
especialmente das grandes multinacionais, não está adaptada a todos
os estilos de corpo. O padrão é bem simplificado e direccionado.
Mas mesmo assim há como encontrar determinados modelos que favorecem
o corpo feminino e o tornam mais bonito e elegante. E olhem que não
sou nem fashionista, nem muito dada a tendências, nem tenho um
guarda roupa cheio. Portanto, as exigências são realmente
básicas (para mim, são minhas, cada um tem as suas).
Atenção, e isto também há que ser
dito, antes que me caiam em cima, sou inclusivamente a favor da
liberdade em (quase) tudo, inclusivamente de se vestir o que quiser,
sempre consciente do efeito que se causa, positivo ou negativo, da mesma forma que, pelo
menos sem ofender ninguém, temos o direito (neste caso meu, nesta
página, e de quem comentar por aqui), de opinar e manifestar a
vergonha alheia (que é coisa para me incomodar horrores) quando algo
nos afecta. Sou totalmente a favor da troca de opiniões, mesmo calorosas, e isso alenta o meu espírito. Ao contrário do que muito se pensa, e pouco se compreende, gosto muito que cada um defenda o seu ponto de vista, de forma assertiva, com asserção, argumentando com informação válida, sem que, no final, alguém seja obrigado a se submeter ao outro ou que a apatia vença (gente blasé incomoda-me, confesso). Seria efectivamente uma maçada se pensássemos e
fôssemos todos iguais. Um "admirável mundo novo" nunca seria para
mim. Disso tenho a certeza.
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