UA-40840920-1

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

GAP | O site de roupa do bebé A.

Para o bebé A., a regra de ter pouco e de qualidade é ainda mais seguida do que para qualquer um dos pais. Como a roupa deixa de servir, preferimos ter meia dúzia de peças essenciais, de qualidade, compradas sempre no tamanho acima, que se lavam e lavam e lavam e que aguentam durante algum tempo, garantindo sempre o mesmo conforto. Não vou negar, já lhe comprámos roupa de lojas mais baratas, das que todos tão bem conhecem, mas apercebemo-nos de que era um gasto estúpido de dinheiro. Em primeiro lugar, porque a roupa não se mantinha com qualidade e conforto durante muito tempo (na sua maioria, não vou dizer que não haja excepções); em segundo lugar, porque o mais barato tendia sempre a ser o de pior qualidade em termos de materiais (alergias a poliéster, não obrigada!); em terceiro, porque tínhamos de comprar mais quantidade de roupa quase descartável, que deformava toda (nos bodies a diferença de algo bom para algo medíocre é abismal e, convenhamos, é o que está em contacto com a pele do bebé), o que se tornava mais caro. 

Assim sendo, quando o bebé A nasceu, o pai F foi a trabalho aos Estados Unidos e eu acabei por comprar, online, uma série de essenciais, roupa interior, exterior, casacos, tudo o que fosse preciso, de duas marcas muitíssimo conhecidas: a GAP e a Ralph Lauren. Quando cito estes nomes, os olhos reviram-se e todo o tipo de comentário sobre a "grandeza" dos nossos bolsos surge até das bocas mais tímidas. Se há coisa que tenho andado a aprender é que a maternidade é um passe para opiniões, palpites, comentários ou bitaites de todos os lados, sobre tudo. Mas fechando aqui o desabafo, passo a explicar que os nossos bolsos são curtos e que o que sabemos fazer, e muito bem, é aproveitar descontos, promoções, saldos, acumulando uns com os outros e tendo peças boas ao mesmo preço ou pouco mais do que as lojas às quais todos recorrem. 

Regressando à compra, descobri que os sites das duas marcas tinham promoções únicas, especialmente o da GAP, com descontos de 30 % e 40% sobre o preço de saldo! Os americanos não brincam com os seus descontos, cupões e oportunidades fantásticas, não, não brincam! Posso dizer que os pijamas da Ralph Lauren, cinco, comprados num tamanho maior, por 13 euros cada duraram-lhe a primavera e o verão, inteiros, sendo os únicos que usámos e lavámos constantemente. Neste momento estão arrumados, impecáveis, como novos, para um próximo irmão ou irmã do bebé A. 

Depois disso, já fiz encomendas na Gap americana, quando o euro estava melhor de saúde, que uma amiga minha gentilmente me enviava. Até agora, era assim que lhe comprava roupa, sempre para vários tamanhos de uma vez, aproveitando promoções imperdíveis, de roupa boa e muito barata, independentemente do estilo. Nunca me preocupo que o A esteja ou não vestido nas últimas tendências da moda. Para mim é simples; é uma boa peça, da qual eu gosto, de muito boa qualidade, e a um preço imbatível?! A Gap é perfeita nisso. Temos casacos, calças, t-shirts, bonés, calções, meias, sweats e camisolas de uma qualidade superior, muitas vezes em dois tamanhos, que se vestem e se lavam, repetidamente, com sinais mínimos de uso. Estou agora a arrumar e a guardar as peças de 3-6 meses e a dar vez às de 6-12 e fico maravilhada com o estado das coisas.

Entretanto, com o euro próximo do dólar, decidi dar uma oportunidade à GAP europeia e, para meu espanto, também é adepta dos descontos por cima dos saldos da irmã americana. Numa promoção de 35% de desconto sobre peças já rebaixadas até 70%, comprei especialmente peças mais difíceis de encontrar que sejam de boa qualidade e baratas; casacos, calças, calções, sapatos e acessórios. Alguns necessários para agora, outros para a primavera que vem (afinal, os saldos eram, principalmente, sobre a colecção de primavera/verão). 

Com este testemunho, que saiu bem maior do que estava à espera -- e prometo que paro por aqui e mostro fotos e pronto -- fica uma sugestão e dica para quem prefere comprar menos roupa, mas com mais qualidade e não se importa nem de estar atenta a promoções, nem de fazer uma gestão do armário a médio prazo. Nós recorreremos à GAP muito mais vezes para apetrecharmos o roupeiro do bebé A. Até agora não temos qualquer queixa, ele parece-nos sempre confortável quando veste a marca e só recebe elogios (e eu fico, à cliché e tudo, muito vaidosa!).


   


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Chicco | O berço Next 2 Me para os primeiros meses

Antes de mais, tenho de me declarar a sonequinha do ano. Sim, quando a noite cai e o cansaço se instala, se eu não for dormir umas horinhas, é certo e sabido que me tornarei um bicho agressivo no dia seguinte. Nem preciso de dormir muito, nem consigo ficar na cama muito tempo, mas quando o sono aperta preciso de dormir pelo menos três, quatro horas seguidas para ficar bem.

Posto isto, não será difícil de perceberem o completo amor pelo objecto (objecto? mobiliário? artigo de puericultura? hmmm enfim... a coisa!) que me deu imenso jeito durante os primeiros seis meses depois do parto: o berço Next2Me da Chicco! Na verdade, trata-se de um berço rectangular, normal, com uma abertura de um dos lados (que se pode fechar para o tornar um berço "normal" durante as sestas da tarde, por exemplo, em qualquer outra divisão), que se pode acoplar à nossa cama. Não é único da marca e há esta primeira caminha em vários formatos, feitios e materiais. Esta resultou muitíssimo bem para nós.  


O Next2Me é uma caminha numa estrutura de metal, resistente, estável e ao mesmo tempo não muito pesada, na qual encaixa a parte do "berço" em si, de tecido, com um colchão muito macio (mas duro o suficiente para não haver qualquer perigo de sufoco). Muito prático para lavar e à prova de bebés mexilhões, como o nosso, que desde que se consegue mexer que dança o vira enquanto dorme. Uma vez que as "paredes" da caminha eram de tecido, estávamos sempre descansados, já que não se iria magoar. O nosso é em Dove Gray, um cinza neutro, que achámos mais bonito e versátil. 

Para quem não é adepto do co-sleeping e acha que os bebés deverão estar no seu quarto desde sempre, então o Next2Me é completamente desnecessário. Mas, se forem como eu, tiverem um bebé no Inverno, apenas um quarto aquecido, e muita dificuldade com sono para serem minimamente resistentes e atentas (ou até mesmo acordadas!), então não há melhor. O bebé chorava, pegávamos nele, eu amamentava-o com um olho aberto e outro fechado, mas sempre quentinha, ia para as pernas do pai um bocadinho para aconchegar o leitinho no estômago (calhou-nos um bolçador de serviço e ter de o deixar pelo menos 15 minutos na vertical depois de mamar à noite era tarefa hercúlea, para a qual eu estava verdadeiramente incapacitada) e era deitado calmamente, sem grandes balanços. Até tentámos, nos primeiros tempos, eliminar a etapa das pernas do pai, já que acordava algumas vezes nessa passagem, mas eu tive uns episódios de sonambulismo assustadores, de me levantar para ir pôr o bebé no berço (sendo que ele já estava a dormir lá há muito), por exemplo, que nos mostraram quão perigosa eu era com sono. O pai dormia sempre ao lado dele, passava-mo para mamar, mamava, relaxava, dormia seguro na sua caminha. Simples, rápido, sem termos de sair do quarto ou do quentinho. Bestial, não é?

Como os pés são dobráveis, ajustou-se sempre com facilidade a todas as camas e sofás-cama onde dormimos. Tem seis níveis de altura que são completamente adaptáveis a várias camas e que nós aproveitávamos, cá em casa, para criar a elevação na cabeça necessária e aconselhável aos bebés pequenos, especialmente os que bolçam muito. Por ser totalmente desmontável e portátil, também foi perfeito para fins de semana fora ou viagens para casa de familiares. Não é propriamente pequeno, mas se tiverem um carro médio (o nosso é minúsculo e, obviamente, tínhamos de arrumar as coisas à la tetris quando saíamos) cabe sem esforço no porta-bagagem e podem levar a cama do bebé para todo o lado facilmente. 

Uma vez que o berço tem medidas especiais, nem todos os lençóis de baixo cabem -- os de alcofa são pequenos e os do berço de grades são grandes -- mas na Pré-Natal encontram facilmente protectores de colchão e outros têxteis de cama que se adaptam perfeitamente, em 100 % algodão. Se querem um conselho, não invistam no edredão da Chicco supostamente indicado para o Next2Me. Em primeiro lugar porque é demasiado pesado, grosso e rígido para o bebé, não o aconchega o suficiente; em segundo lugar porque não se deve cobrir um recém nascido com o edredão (nós experimentámos quando ele era maior mas não foi muito confortável para o bebé A.), por causa do sobre aquecimento ligado à morte súbita, e, por último, porque é, na minha opinião, caro para o que é (mas, lá está, cada um sabe da sua carteira, como é óbvio). 

O nosso já está arrumado, quem sabe para um próximo irmão, irmã, familiar ou amigo que precise. Mas, durante todas as noites dos primeiros seis meses não o trocaria por nada neste mundo. Valeu-me muito mais que um cavalo na guerra.          

terça-feira, 16 de junho de 2015

Salinha em Stand By

Sim, eu sei que prometi voltar de forma consistente e frequente. Sim, eu achei que havia alguma estabilidade para cumprir tal promessa. Mas, na realidade, enquanto a poeira não assentar e outros projectos não arrancarem, o máximo que consigo são textos curtos e partilhas simples, na nossa página de Facebook. Espero vê-los por lá, a comentar e a partilhar questões, opiniões, sugestões. 

Até já, ali no outro lado. 

sábado, 16 de maio de 2015

Bebé | Babetes com estilo, da Chicken Chicos

Cá em casa temos um bolçador, um babador, um fazedor de iogurte e leite coalhado que todos os dias nos abençoa com banhos e banhos de tudo o que consegue sair daquela boquinha (vamos fazer figas para que não decida pôr a comida toda fora, quando começar a comer, que aí teremos de comprar bibes e viseiras para todos). Já não sei o que é sair de casa sem pensar em mudas de roupa, várias, por dia, e em estratagemas para que a minha não se comprometa. Em dias especiais, pais e bebé só se vestem imediatamente antes de sair de casa e ponderam outro modelito, caso no caminho algo corra pior (é nesta altura que todos me dizem "Ah, aproveita tudo, cada momento, que é uma época maravilhosa, só coisas boas, que passa demasiado rápido"?!). O último acessório de moda do nosso pequeno é, por isso, e como já devem ter descoberto, um babete, complemento básico que o acompanha sempre, transversal a estações e tendências.


Até agora, o bebé A. herdou alguns babetes do padrinho dele, agora crescido e sem precisar deles, que lhe cobrem o peito e a alma. Na verdade, o primo usava-os aos dois anos e, com quase quatro meses, escusado será dizer que o A. fica deveras engraçado com um verdadeiro lençol à frente dele. Quando saímos é sempre motivo de bastante diversão. Contudo, como é de pequenino que se torce o pepino (e às vezes o comprimento do acessório não se torna tão prático em passeio), decidimos procurar lojas online com babetes divertidos, diferentes e chegámos à Chicken Chicos, portuguesa, com imensas opções de roupa e acessórios para bebés com mais estilo (já repararam como a roupa de bebé é quase tooooda igual, separando azuis e rosas por sexo e com uma oferta bem maior e diversificada, desde logo, para as meninas?!). 

Depois de ver página a página e de querer comprar tudo (a tshirt dos Nirvana estava esgotada se não teria vindo também!), fiquei-me por dois babetes impermeáveis, para, como disse o pai, testarmos a marca e "se gostarmos destes, compramos mais!" (é assim que se fala, que pai bolçado de baba fria tem medo).  Feitos com cuidado e com materiais de qualidade, um tecido macio, cada um tem molas em dois níveis para acompanhar o crescimento do bebé. Os desenhos bordados dão um toque especial e fora do comum, das serigrafias cuja tinta está votada ao desaparecimento nas constantes lavagens. Muito atraentes à primeira vista, sim senhora. Daqui a um mês de uso continuado direi como estão.

Entretanto, já fizemos uma nova encomenda, que avó e bisavó ficaram tão maravilhadas com os babetes que quiseram oferecer, cada uma, mais um, para que o bebé A. saia com estilo e todo aprumado, com o seu complemento (nosso) favorito. Um dia destes temos a colecção completa dos impermeáveis cá em casa, que a baba é muita e a vontade de trocar de tshirt constantemente muito pouca.




   

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Maternidade | O meu parto supersónico

(Depois de alguns pedidos, aqui vai um relato do meu parto ao pormenor. Gente grávida, não temeis. Esta minha experiência foi a excepção que confirma a regra, não quero com isto assustar ninguém. Se forem mais impressionáveis e têm um parto para breve, não leiam por favor, não quero aumentar o nível de ansiedade de ninguém.)
foto:celebbabylaundry.com
Enquanto pessoa cronicamente ansiosa, tento contornar os momentos de pânico com informação. Sobre tudo, sobre todos, para que, numa situação desconhecida, eu já tenha ferramentas para reconhecer onde estou e o que devo fazer. Podem chamar-me nerd, control-freak, e tantas outras coisas (acreditem, já ouvi de tudo!), mas cada um sabe os mecanismos aos quais deve recorrer para se sentir bem. A gravidez, sendo a primeira, foi um desses momentos cheio de inesperados,  de desconhecidos, para os quais tentava estar minimamente preparada informando-me. Não que faça do que leio/sei/aprendo regras inflexíveis. Pelo contrário, gosto de saber onde me movimentar  para, inclusivamente, me movimentar melhor. Quase como na dança, deve-se saber a técnica para depois a podermos desconstruir e ultrapassar os seus limites.  

Por isso, fui, toda contente e aplicada, às aulas de preparação para o parto, duas vezes por semana, na maternidade a 45 minutos de carro da minha casa. Li artigos, pesquisei fóruns, pedi testemunhos, e vi inclusivamente vídeos no Youtube (não aconselho a ninguém!). Tudo, para não chegar o meu momento do parto e eu sem saber o que fazer. "Respirar, encher a barriga num balão, expirar devagar como se estivessem a inclinar uma vela", incorporei eu, para as longas horas de trabalho de parto que, segundo todos os profissionais, era o que me esperava como mãe de primeira viagem. Risos era o que eu obtinha sempre quando perguntava se iria ter tempo de chegar à maternidade, com a tal quase hora de viagem. "Depois da primeira contracção ainda terá muito tempo, menina, pode esperar em casa, venha só quando as contracções estiverem próximas, não venha de véspera!", respondiam. E lá estava eu, toda confiante, de que teria todo o tempo do mundo e que, com a epidural não se sente nada que "até podes estar a ler revistas e tudo!".   

Como se passou então? Como previsto? Claro que não. As semanas completavam ao domingo e, na terça feira da 37ª (semana na qual eu sempre disse que ele nasceria), lá fui eu à médica que mediu 1,5 cm de dilatação, num colo mole, que se daria facilmente à abertura. Contudo, a previsão de nascimento seria com certeza para a semana seguinte, dados todos os sinais. Fui para casa, fechei de vez a mala do petiz, e deixei para o fim de semana os últimos preparativos, nomeadamente os electrónicos e alguma roupa minha. Ainda não tinha tido qualquer contracção de treino, as famosas Braxton-Hicks, o tal "rolhão" mucoso e sanguinolento não tinha dado qualquer aviso que iria sair, enfim, nada apontava, efectivamente, para que a criança nascesse entretanto. 

Já em descanso forçado por ordens da médica, passei a quarta feira nauseada, o que poderia ter a ver com a azia constante dos últimos meses ou com qualquer das muitas coisas que eu comia. A fome que eu senti nos últimos três meses não teve explicação. Comia uma tira de dez ossinhos de entrecosto sozinha e conseguia comer mais, não me travasse eu.  Não foi, portanto, nada ao qual eu ligasse muito (até porque não tinha lido em parte alguma que se enjoava um bocadinho na véspera do parto). 

Às cinco da manhã de quinta feira acordei com uma dor e um mal-estar estranhos. Sabendo que poderia ser o trabalho de parto, fui tomar um banho e vestir-me. Acordei o F., disse-lhe que podia continuar a dormir porque tinha tido uma dor mas ainda queria tomar o pequeno almoço e supostamente a segunda contracção poderia demorar horas a vir. Tinha acabado de torrar o pão e veio outra dor, mais forte ainda. O F. já em pé, começou a contar o intervalo. Quinze minutos, uns míseros quinze minutos. "Não deveríamos estar já em Coimbra com este intervalo?!". Fui à casa de banho e eis que o tal muco com sangue tinha começado a sair também. Agarrámos o que nos lembrámos; tablet, máquina fotográfica, telemóveis, carregadores, tudo num daqueles sacos pretos da Space.nk e "vamos lá que agora a dor voltou em dez minutos!".

A viagem de carro, feita de madrugada e com as estradas vazias (felizmente!), pareceu-me maior do que as 14 horas Coimbra-Paris que tínhamos feito no ano anterior. No caminho, inclinei um bocadinho o banco, para me sentir mais confortável, fiz a respiração do ioga (que me valeu imenso neste momento para não entrar em taquicardia) e evitei olhar para o relógio, que as contracções já vinham em intervalos de 4 minutos. Confesso que, naquele momento, a única coisa que queria era entrar na maternidade e deixarem-me fazer o que quisessem. O que eu não queria era ter a criança ali, no carro. Até os semáforos vermelhos passámos, com os quatro piscas ligados, que não era tempo para regras de trânsito (que não pusessem ninguém em risco). 

Cheguei à maternidade com dores incríveis e a ponderar seriamente entrar numa cadeira de rodas. A respiração é boa, mas não alivia a dor. Pode até atenuar, acredito, mas eu, com muito pouca tolerância à dor, achei que aquilo não estava a fazer efeito algum. Ao ponto de, segundo o F. (que nesta altura eu já não era eu (nem o outro, nem qualquer coisa de intermédio, diria o poeta), entrar pela urgência a pedir epidural ao segurança. Muito glamour, elegância e sensatez, como podem ver. 

Da equipa que me recebeu só tenho bem a dizer. Mediram a minha dilatação -- 3,5 cm, normal -- prepararam-me para subir para a sala de parto, e fizeram-me uma série de perguntas às quais eu respondi meio em modo automático. A determinada altura, o F. já tinha entrado e já tratava ele de tudo por mim, que eu andava de um lado para o outro feito barata tonta, a aguentar a dor, a libertar gases e a vomitar o pão que eu não tinha comido. "Parto vomitado, parto apressado", tentava confortar-me a médica, e eu de balde de cartão improvisado na mão, suor frio na cabeça, de bata da maternidade, cabelo despenteado e ar desnorteado. Sem esquecer todos os aromas que exalavam do meu corpo, desde o sangue, ao suor, aos gases, ao vomitado. Não, minhas senhoras e meus senhores, não foi um momento bonito, cor de rosa, especial de se ver, não foi, não. Nem eu me senti, naquele momento, uma luz eterna de radiância suprema por estar prestes a fazer nascer um ser do meu corpo gracioso e mágico. Nada disso!

Naquele momento, às sete da manhã, estava tudo encaminhado para ainda umas horas pela frente, já na sala de trabalho de parto, na qual me dariam a epidural e controlariam as contracções. Entre momentos de contorcionismo de dor e gritos (que sou muito pouco contida nestas situações, temos pena), de preparação para a analgesia, e de mudança de turno da equipa médica, lá estava eu, acompanhada de uma ou outra enfermeira. O pai da criança só pode entrar depois da mãe estar preparada para esperar o parto. Ninguém acreditava que, passada meia hora de dar entrada, a dilatação já estivesse completa e o bebé A. já estivesse prontinho para sair. 

Foi quando eu comecei a gritar que a sensação de expulsão de algo já era demasiado forte que me deram mais atenção. Uma das enfermeiras agarrou-me nas pernas, de lado, fechadas, e disse para eu aguentar. Naquele instante queria mandá-la passear, que o meu corpo já tinha vida própria e contraía sozinho, sem que eu mandasse nele... ela que aguentasse o dela! Mas calei-me, concentrei-me no momento e pensei que não tarda nada teria a epidural e tudo ficaria mais fácil. Foi no corre, corre da equipa, que entretanto se apercebeu que o expulsivo já tinha começado, que entrou a anestesista e se apresentou da melhor forma que uma pessoa, naquela situação, quer ouvir: "Bom dia, eu sou a anestesista que lhe ia dar a epidural...". Nesse instante tenho a nítida noção que rangi os dentes, abri os olhos e disse: "Como ia?! Já não vai?!". Não havia tempo. Propuseram-me uma pequena analgesia local, a raquidiana, momentânea, com um curto tempo de actuação. Aceitei de imediato, que naquela hora tudo o que me proporcionasse uns minutos sem dor, para respirar um bocadinho de alívio, seria bem-vindo. E assim foi. Durante uma hora lá estive eu a recuperar as forças, já com o F. ao lado a mandar-me respirar e a enviar pontos de situação pelo whatsapp a várias pessoas. Agora era só aguardar que a cabecinha do A. se visse, o que aconteceu no momento em que eu já sentia tudo e a dor voltava. 

O parto em si foi rápido e muito mais simples do que eu achava que iria ser. Muito à National Geographic, se me permitem a imagem. Agarrada a uns ferros, eu fazia força sempre que vinha a dor e ajudava ao máximo o bebé a descer. A cama já estava preparada, a equipa a postos e assim que o pai voltou à sala, eis que sai o A., o líquido amniótico, a placenta, e tudo o que andava por ali. A barriga esvaziou e a equipa saiu ficou prontinha para ir para debaixo do chuveiro. 

Não fiz episiotomia, o tal corte lateral para ajudar o bebé a sair, porque também não houve tempo, mas rasguei um bocadinho. A médica, depois do parto, estando já o bebé em cima de mim para o contacto pele a pele, tentou suturar sem anestesia porque, dizem, a adrenalina do bebé em cima ajuda. A minha deve ter feito greve nesse dia porque senti tudinho. Lá me tiveram de dar uma anestesia local injectável (coisa fraquinha, fraquinha), para ver se conseguiam terminar o trabalho minucioso sem que eu pusesse lá a mão constantemente (sim, eu sou muito pouco disciplinada quando estou com dor). 

Às 09:38, quatro horas e meia desde a primeira contracção, em casa, passando pela viagem e uma hora a relaxar com a analgesia momentânea (sem a qual, segundo a médica, teria sido ainda mais rápido o processo), nasceu o A., com 48,5 cm e pouco mais de três quilos, e num choro grave e baixo, muito diferente do que vemos nos filmes, coberto de vérnix e sangue. Mais uma hora de pele a pele, maravilhosa, e fomos para o quarto. Não me esqueci da dor, não me tornei de direita (como tanta gente dizia que me aconteceria), não deixei de ser quem sou naquele momento, mas passei a ser mais. A ter mais um papel. 

(48 horas depois viemos os três para casa e a recuperação terá direito a todo um outro post. Adianto já que foi simples também.)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...