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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

GAP | O site de roupa do bebé A.

Para o bebé A., a regra de ter pouco e de qualidade é ainda mais seguida do que para qualquer um dos pais. Como a roupa deixa de servir, preferimos ter meia dúzia de peças essenciais, de qualidade, compradas sempre no tamanho acima, que se lavam e lavam e lavam e que aguentam durante algum tempo, garantindo sempre o mesmo conforto. Não vou negar, já lhe comprámos roupa de lojas mais baratas, das que todos tão bem conhecem, mas apercebemo-nos de que era um gasto estúpido de dinheiro. Em primeiro lugar, porque a roupa não se mantinha com qualidade e conforto durante muito tempo (na sua maioria, não vou dizer que não haja excepções); em segundo lugar, porque o mais barato tendia sempre a ser o de pior qualidade em termos de materiais (alergias a poliéster, não obrigada!); em terceiro, porque tínhamos de comprar mais quantidade de roupa quase descartável, que deformava toda (nos bodies a diferença de algo bom para algo medíocre é abismal e, convenhamos, é o que está em contacto com a pele do bebé), o que se tornava mais caro. 

Assim sendo, quando o bebé A nasceu, o pai F foi a trabalho aos Estados Unidos e eu acabei por comprar, online, uma série de essenciais, roupa interior, exterior, casacos, tudo o que fosse preciso, de duas marcas muitíssimo conhecidas: a GAP e a Ralph Lauren. Quando cito estes nomes, os olhos reviram-se e todo o tipo de comentário sobre a "grandeza" dos nossos bolsos surge até das bocas mais tímidas. Se há coisa que tenho andado a aprender é que a maternidade é um passe para opiniões, palpites, comentários ou bitaites de todos os lados, sobre tudo. Mas fechando aqui o desabafo, passo a explicar que os nossos bolsos são curtos e que o que sabemos fazer, e muito bem, é aproveitar descontos, promoções, saldos, acumulando uns com os outros e tendo peças boas ao mesmo preço ou pouco mais do que as lojas às quais todos recorrem. 

Regressando à compra, descobri que os sites das duas marcas tinham promoções únicas, especialmente o da GAP, com descontos de 30 % e 40% sobre o preço de saldo! Os americanos não brincam com os seus descontos, cupões e oportunidades fantásticas, não, não brincam! Posso dizer que os pijamas da Ralph Lauren, cinco, comprados num tamanho maior, por 13 euros cada duraram-lhe a primavera e o verão, inteiros, sendo os únicos que usámos e lavámos constantemente. Neste momento estão arrumados, impecáveis, como novos, para um próximo irmão ou irmã do bebé A. 

Depois disso, já fiz encomendas na Gap americana, quando o euro estava melhor de saúde, que uma amiga minha gentilmente me enviava. Até agora, era assim que lhe comprava roupa, sempre para vários tamanhos de uma vez, aproveitando promoções imperdíveis, de roupa boa e muito barata, independentemente do estilo. Nunca me preocupo que o A esteja ou não vestido nas últimas tendências da moda. Para mim é simples; é uma boa peça, da qual eu gosto, de muito boa qualidade, e a um preço imbatível?! A Gap é perfeita nisso. Temos casacos, calças, t-shirts, bonés, calções, meias, sweats e camisolas de uma qualidade superior, muitas vezes em dois tamanhos, que se vestem e se lavam, repetidamente, com sinais mínimos de uso. Estou agora a arrumar e a guardar as peças de 3-6 meses e a dar vez às de 6-12 e fico maravilhada com o estado das coisas.

Entretanto, com o euro próximo do dólar, decidi dar uma oportunidade à GAP europeia e, para meu espanto, também é adepta dos descontos por cima dos saldos da irmã americana. Numa promoção de 35% de desconto sobre peças já rebaixadas até 70%, comprei especialmente peças mais difíceis de encontrar que sejam de boa qualidade e baratas; casacos, calças, calções, sapatos e acessórios. Alguns necessários para agora, outros para a primavera que vem (afinal, os saldos eram, principalmente, sobre a colecção de primavera/verão). 

Com este testemunho, que saiu bem maior do que estava à espera -- e prometo que paro por aqui e mostro fotos e pronto -- fica uma sugestão e dica para quem prefere comprar menos roupa, mas com mais qualidade e não se importa nem de estar atenta a promoções, nem de fazer uma gestão do armário a médio prazo. Nós recorreremos à GAP muito mais vezes para apetrecharmos o roupeiro do bebé A. Até agora não temos qualquer queixa, ele parece-nos sempre confortável quando veste a marca e só recebe elogios (e eu fico, à cliché e tudo, muito vaidosa!).


   


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Chicco | O berço Next 2 Me para os primeiros meses

Antes de mais, tenho de me declarar a sonequinha do ano. Sim, quando a noite cai e o cansaço se instala, se eu não for dormir umas horinhas, é certo e sabido que me tornarei um bicho agressivo no dia seguinte. Nem preciso de dormir muito, nem consigo ficar na cama muito tempo, mas quando o sono aperta preciso de dormir pelo menos três, quatro horas seguidas para ficar bem.

Posto isto, não será difícil de perceberem o completo amor pelo objecto (objecto? mobiliário? artigo de puericultura? hmmm enfim... a coisa!) que me deu imenso jeito durante os primeiros seis meses depois do parto: o berço Next2Me da Chicco! Na verdade, trata-se de um berço rectangular, normal, com uma abertura de um dos lados (que se pode fechar para o tornar um berço "normal" durante as sestas da tarde, por exemplo, em qualquer outra divisão), que se pode acoplar à nossa cama. Não é único da marca e há esta primeira caminha em vários formatos, feitios e materiais. Esta resultou muitíssimo bem para nós.  


O Next2Me é uma caminha numa estrutura de metal, resistente, estável e ao mesmo tempo não muito pesada, na qual encaixa a parte do "berço" em si, de tecido, com um colchão muito macio (mas duro o suficiente para não haver qualquer perigo de sufoco). Muito prático para lavar e à prova de bebés mexilhões, como o nosso, que desde que se consegue mexer que dança o vira enquanto dorme. Uma vez que as "paredes" da caminha eram de tecido, estávamos sempre descansados, já que não se iria magoar. O nosso é em Dove Gray, um cinza neutro, que achámos mais bonito e versátil. 

Para quem não é adepto do co-sleeping e acha que os bebés deverão estar no seu quarto desde sempre, então o Next2Me é completamente desnecessário. Mas, se forem como eu, tiverem um bebé no Inverno, apenas um quarto aquecido, e muita dificuldade com sono para serem minimamente resistentes e atentas (ou até mesmo acordadas!), então não há melhor. O bebé chorava, pegávamos nele, eu amamentava-o com um olho aberto e outro fechado, mas sempre quentinha, ia para as pernas do pai um bocadinho para aconchegar o leitinho no estômago (calhou-nos um bolçador de serviço e ter de o deixar pelo menos 15 minutos na vertical depois de mamar à noite era tarefa hercúlea, para a qual eu estava verdadeiramente incapacitada) e era deitado calmamente, sem grandes balanços. Até tentámos, nos primeiros tempos, eliminar a etapa das pernas do pai, já que acordava algumas vezes nessa passagem, mas eu tive uns episódios de sonambulismo assustadores, de me levantar para ir pôr o bebé no berço (sendo que ele já estava a dormir lá há muito), por exemplo, que nos mostraram quão perigosa eu era com sono. O pai dormia sempre ao lado dele, passava-mo para mamar, mamava, relaxava, dormia seguro na sua caminha. Simples, rápido, sem termos de sair do quarto ou do quentinho. Bestial, não é?

Como os pés são dobráveis, ajustou-se sempre com facilidade a todas as camas e sofás-cama onde dormimos. Tem seis níveis de altura que são completamente adaptáveis a várias camas e que nós aproveitávamos, cá em casa, para criar a elevação na cabeça necessária e aconselhável aos bebés pequenos, especialmente os que bolçam muito. Por ser totalmente desmontável e portátil, também foi perfeito para fins de semana fora ou viagens para casa de familiares. Não é propriamente pequeno, mas se tiverem um carro médio (o nosso é minúsculo e, obviamente, tínhamos de arrumar as coisas à la tetris quando saíamos) cabe sem esforço no porta-bagagem e podem levar a cama do bebé para todo o lado facilmente. 

Uma vez que o berço tem medidas especiais, nem todos os lençóis de baixo cabem -- os de alcofa são pequenos e os do berço de grades são grandes -- mas na Pré-Natal encontram facilmente protectores de colchão e outros têxteis de cama que se adaptam perfeitamente, em 100 % algodão. Se querem um conselho, não invistam no edredão da Chicco supostamente indicado para o Next2Me. Em primeiro lugar porque é demasiado pesado, grosso e rígido para o bebé, não o aconchega o suficiente; em segundo lugar porque não se deve cobrir um recém nascido com o edredão (nós experimentámos quando ele era maior mas não foi muito confortável para o bebé A.), por causa do sobre aquecimento ligado à morte súbita, e, por último, porque é, na minha opinião, caro para o que é (mas, lá está, cada um sabe da sua carteira, como é óbvio). 

O nosso já está arrumado, quem sabe para um próximo irmão, irmã, familiar ou amigo que precise. Mas, durante todas as noites dos primeiros seis meses não o trocaria por nada neste mundo. Valeu-me muito mais que um cavalo na guerra.          

terça-feira, 16 de junho de 2015

Salinha em Stand By

Sim, eu sei que prometi voltar de forma consistente e frequente. Sim, eu achei que havia alguma estabilidade para cumprir tal promessa. Mas, na realidade, enquanto a poeira não assentar e outros projectos não arrancarem, o máximo que consigo são textos curtos e partilhas simples, na nossa página de Facebook. Espero vê-los por lá, a comentar e a partilhar questões, opiniões, sugestões. 

Até já, ali no outro lado. 

sábado, 16 de maio de 2015

Bebé | Babetes com estilo, da Chicken Chicos

Cá em casa temos um bolçador, um babador, um fazedor de iogurte e leite coalhado que todos os dias nos abençoa com banhos e banhos de tudo o que consegue sair daquela boquinha (vamos fazer figas para que não decida pôr a comida toda fora, quando começar a comer, que aí teremos de comprar bibes e viseiras para todos). Já não sei o que é sair de casa sem pensar em mudas de roupa, várias, por dia, e em estratagemas para que a minha não se comprometa. Em dias especiais, pais e bebé só se vestem imediatamente antes de sair de casa e ponderam outro modelito, caso no caminho algo corra pior (é nesta altura que todos me dizem "Ah, aproveita tudo, cada momento, que é uma época maravilhosa, só coisas boas, que passa demasiado rápido"?!). O último acessório de moda do nosso pequeno é, por isso, e como já devem ter descoberto, um babete, complemento básico que o acompanha sempre, transversal a estações e tendências.


Até agora, o bebé A. herdou alguns babetes do padrinho dele, agora crescido e sem precisar deles, que lhe cobrem o peito e a alma. Na verdade, o primo usava-os aos dois anos e, com quase quatro meses, escusado será dizer que o A. fica deveras engraçado com um verdadeiro lençol à frente dele. Quando saímos é sempre motivo de bastante diversão. Contudo, como é de pequenino que se torce o pepino (e às vezes o comprimento do acessório não se torna tão prático em passeio), decidimos procurar lojas online com babetes divertidos, diferentes e chegámos à Chicken Chicos, portuguesa, com imensas opções de roupa e acessórios para bebés com mais estilo (já repararam como a roupa de bebé é quase tooooda igual, separando azuis e rosas por sexo e com uma oferta bem maior e diversificada, desde logo, para as meninas?!). 

Depois de ver página a página e de querer comprar tudo (a tshirt dos Nirvana estava esgotada se não teria vindo também!), fiquei-me por dois babetes impermeáveis, para, como disse o pai, testarmos a marca e "se gostarmos destes, compramos mais!" (é assim que se fala, que pai bolçado de baba fria tem medo).  Feitos com cuidado e com materiais de qualidade, um tecido macio, cada um tem molas em dois níveis para acompanhar o crescimento do bebé. Os desenhos bordados dão um toque especial e fora do comum, das serigrafias cuja tinta está votada ao desaparecimento nas constantes lavagens. Muito atraentes à primeira vista, sim senhora. Daqui a um mês de uso continuado direi como estão.

Entretanto, já fizemos uma nova encomenda, que avó e bisavó ficaram tão maravilhadas com os babetes que quiseram oferecer, cada uma, mais um, para que o bebé A. saia com estilo e todo aprumado, com o seu complemento (nosso) favorito. Um dia destes temos a colecção completa dos impermeáveis cá em casa, que a baba é muita e a vontade de trocar de tshirt constantemente muito pouca.




   

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Maternidade | O meu parto supersónico

(Depois de alguns pedidos, aqui vai um relato do meu parto ao pormenor. Gente grávida, não temeis. Esta minha experiência foi a excepção que confirma a regra, não quero com isto assustar ninguém. Se forem mais impressionáveis e têm um parto para breve, não leiam por favor, não quero aumentar o nível de ansiedade de ninguém.)
foto:celebbabylaundry.com
Enquanto pessoa cronicamente ansiosa, tento contornar os momentos de pânico com informação. Sobre tudo, sobre todos, para que, numa situação desconhecida, eu já tenha ferramentas para reconhecer onde estou e o que devo fazer. Podem chamar-me nerd, control-freak, e tantas outras coisas (acreditem, já ouvi de tudo!), mas cada um sabe os mecanismos aos quais deve recorrer para se sentir bem. A gravidez, sendo a primeira, foi um desses momentos cheio de inesperados,  de desconhecidos, para os quais tentava estar minimamente preparada informando-me. Não que faça do que leio/sei/aprendo regras inflexíveis. Pelo contrário, gosto de saber onde me movimentar  para, inclusivamente, me movimentar melhor. Quase como na dança, deve-se saber a técnica para depois a podermos desconstruir e ultrapassar os seus limites.  

Por isso, fui, toda contente e aplicada, às aulas de preparação para o parto, duas vezes por semana, na maternidade a 45 minutos de carro da minha casa. Li artigos, pesquisei fóruns, pedi testemunhos, e vi inclusivamente vídeos no Youtube (não aconselho a ninguém!). Tudo, para não chegar o meu momento do parto e eu sem saber o que fazer. "Respirar, encher a barriga num balão, expirar devagar como se estivessem a inclinar uma vela", incorporei eu, para as longas horas de trabalho de parto que, segundo todos os profissionais, era o que me esperava como mãe de primeira viagem. Risos era o que eu obtinha sempre quando perguntava se iria ter tempo de chegar à maternidade, com a tal quase hora de viagem. "Depois da primeira contracção ainda terá muito tempo, menina, pode esperar em casa, venha só quando as contracções estiverem próximas, não venha de véspera!", respondiam. E lá estava eu, toda confiante, de que teria todo o tempo do mundo e que, com a epidural não se sente nada que "até podes estar a ler revistas e tudo!".   

Como se passou então? Como previsto? Claro que não. As semanas completavam ao domingo e, na terça feira da 37ª (semana na qual eu sempre disse que ele nasceria), lá fui eu à médica que mediu 1,5 cm de dilatação, num colo mole, que se daria facilmente à abertura. Contudo, a previsão de nascimento seria com certeza para a semana seguinte, dados todos os sinais. Fui para casa, fechei de vez a mala do petiz, e deixei para o fim de semana os últimos preparativos, nomeadamente os electrónicos e alguma roupa minha. Ainda não tinha tido qualquer contracção de treino, as famosas Braxton-Hicks, o tal "rolhão" mucoso e sanguinolento não tinha dado qualquer aviso que iria sair, enfim, nada apontava, efectivamente, para que a criança nascesse entretanto. 

Já em descanso forçado por ordens da médica, passei a quarta feira nauseada, o que poderia ter a ver com a azia constante dos últimos meses ou com qualquer das muitas coisas que eu comia. A fome que eu senti nos últimos três meses não teve explicação. Comia uma tira de dez ossinhos de entrecosto sozinha e conseguia comer mais, não me travasse eu.  Não foi, portanto, nada ao qual eu ligasse muito (até porque não tinha lido em parte alguma que se enjoava um bocadinho na véspera do parto). 

Às cinco da manhã de quinta feira acordei com uma dor e um mal-estar estranhos. Sabendo que poderia ser o trabalho de parto, fui tomar um banho e vestir-me. Acordei o F., disse-lhe que podia continuar a dormir porque tinha tido uma dor mas ainda queria tomar o pequeno almoço e supostamente a segunda contracção poderia demorar horas a vir. Tinha acabado de torrar o pão e veio outra dor, mais forte ainda. O F. já em pé, começou a contar o intervalo. Quinze minutos, uns míseros quinze minutos. "Não deveríamos estar já em Coimbra com este intervalo?!". Fui à casa de banho e eis que o tal muco com sangue tinha começado a sair também. Agarrámos o que nos lembrámos; tablet, máquina fotográfica, telemóveis, carregadores, tudo num daqueles sacos pretos da Space.nk e "vamos lá que agora a dor voltou em dez minutos!".

A viagem de carro, feita de madrugada e com as estradas vazias (felizmente!), pareceu-me maior do que as 14 horas Coimbra-Paris que tínhamos feito no ano anterior. No caminho, inclinei um bocadinho o banco, para me sentir mais confortável, fiz a respiração do ioga (que me valeu imenso neste momento para não entrar em taquicardia) e evitei olhar para o relógio, que as contracções já vinham em intervalos de 4 minutos. Confesso que, naquele momento, a única coisa que queria era entrar na maternidade e deixarem-me fazer o que quisessem. O que eu não queria era ter a criança ali, no carro. Até os semáforos vermelhos passámos, com os quatro piscas ligados, que não era tempo para regras de trânsito (que não pusessem ninguém em risco). 

Cheguei à maternidade com dores incríveis e a ponderar seriamente entrar numa cadeira de rodas. A respiração é boa, mas não alivia a dor. Pode até atenuar, acredito, mas eu, com muito pouca tolerância à dor, achei que aquilo não estava a fazer efeito algum. Ao ponto de, segundo o F. (que nesta altura eu já não era eu (nem o outro, nem qualquer coisa de intermédio, diria o poeta), entrar pela urgência a pedir epidural ao segurança. Muito glamour, elegância e sensatez, como podem ver. 

Da equipa que me recebeu só tenho bem a dizer. Mediram a minha dilatação -- 3,5 cm, normal -- prepararam-me para subir para a sala de parto, e fizeram-me uma série de perguntas às quais eu respondi meio em modo automático. A determinada altura, o F. já tinha entrado e já tratava ele de tudo por mim, que eu andava de um lado para o outro feito barata tonta, a aguentar a dor, a libertar gases e a vomitar o pão que eu não tinha comido. "Parto vomitado, parto apressado", tentava confortar-me a médica, e eu de balde de cartão improvisado na mão, suor frio na cabeça, de bata da maternidade, cabelo despenteado e ar desnorteado. Sem esquecer todos os aromas que exalavam do meu corpo, desde o sangue, ao suor, aos gases, ao vomitado. Não, minhas senhoras e meus senhores, não foi um momento bonito, cor de rosa, especial de se ver, não foi, não. Nem eu me senti, naquele momento, uma luz eterna de radiância suprema por estar prestes a fazer nascer um ser do meu corpo gracioso e mágico. Nada disso!

Naquele momento, às sete da manhã, estava tudo encaminhado para ainda umas horas pela frente, já na sala de trabalho de parto, na qual me dariam a epidural e controlariam as contracções. Entre momentos de contorcionismo de dor e gritos (que sou muito pouco contida nestas situações, temos pena), de preparação para a analgesia, e de mudança de turno da equipa médica, lá estava eu, acompanhada de uma ou outra enfermeira. O pai da criança só pode entrar depois da mãe estar preparada para esperar o parto. Ninguém acreditava que, passada meia hora de dar entrada, a dilatação já estivesse completa e o bebé A. já estivesse prontinho para sair. 

Foi quando eu comecei a gritar que a sensação de expulsão de algo já era demasiado forte que me deram mais atenção. Uma das enfermeiras agarrou-me nas pernas, de lado, fechadas, e disse para eu aguentar. Naquele instante queria mandá-la passear, que o meu corpo já tinha vida própria e contraía sozinho, sem que eu mandasse nele... ela que aguentasse o dela! Mas calei-me, concentrei-me no momento e pensei que não tarda nada teria a epidural e tudo ficaria mais fácil. Foi no corre, corre da equipa, que entretanto se apercebeu que o expulsivo já tinha começado, que entrou a anestesista e se apresentou da melhor forma que uma pessoa, naquela situação, quer ouvir: "Bom dia, eu sou a anestesista que lhe ia dar a epidural...". Nesse instante tenho a nítida noção que rangi os dentes, abri os olhos e disse: "Como ia?! Já não vai?!". Não havia tempo. Propuseram-me uma pequena analgesia local, a raquidiana, momentânea, com um curto tempo de actuação. Aceitei de imediato, que naquela hora tudo o que me proporcionasse uns minutos sem dor, para respirar um bocadinho de alívio, seria bem-vindo. E assim foi. Durante uma hora lá estive eu a recuperar as forças, já com o F. ao lado a mandar-me respirar e a enviar pontos de situação pelo whatsapp a várias pessoas. Agora era só aguardar que a cabecinha do A. se visse, o que aconteceu no momento em que eu já sentia tudo e a dor voltava. 

O parto em si foi rápido e muito mais simples do que eu achava que iria ser. Muito à National Geographic, se me permitem a imagem. Agarrada a uns ferros, eu fazia força sempre que vinha a dor e ajudava ao máximo o bebé a descer. A cama já estava preparada, a equipa a postos e assim que o pai voltou à sala, eis que sai o A., o líquido amniótico, a placenta, e tudo o que andava por ali. A barriga esvaziou e a equipa saiu ficou prontinha para ir para debaixo do chuveiro. 

Não fiz episiotomia, o tal corte lateral para ajudar o bebé a sair, porque também não houve tempo, mas rasguei um bocadinho. A médica, depois do parto, estando já o bebé em cima de mim para o contacto pele a pele, tentou suturar sem anestesia porque, dizem, a adrenalina do bebé em cima ajuda. A minha deve ter feito greve nesse dia porque senti tudinho. Lá me tiveram de dar uma anestesia local injectável (coisa fraquinha, fraquinha), para ver se conseguiam terminar o trabalho minucioso sem que eu pusesse lá a mão constantemente (sim, eu sou muito pouco disciplinada quando estou com dor). 

Às 09:38, quatro horas e meia desde a primeira contracção, em casa, passando pela viagem e uma hora a relaxar com a analgesia momentânea (sem a qual, segundo a médica, teria sido ainda mais rápido o processo), nasceu o A., com 48,5 cm e pouco mais de três quilos, e num choro grave e baixo, muito diferente do que vemos nos filmes, coberto de vérnix e sangue. Mais uma hora de pele a pele, maravilhosa, e fomos para o quarto. Não me esqueci da dor, não me tornei de direita (como tanta gente dizia que me aconteceria), não deixei de ser quem sou naquele momento, mas passei a ser mais. A ter mais um papel. 

(48 horas depois viemos os três para casa e a recuperação terá direito a todo um outro post. Adianto já que foi simples também.)

sábado, 2 de maio de 2015

Prendas | E aí vem o Dia da Mãe! #2

Ainda não têm ideias para o dia da mãe?! Então corram a uma loja (qualquer uma destas podem encontrar-se facilmente numa Perfumes & Companhia ou perfumarias afins por aí -- excepto a Kiehl´s) e comprem uma senhora máscara facial, que actue durante a noite, sem grandes complicações nem processos complexos, que, algures no caminho, a mãe com certeza teve, tem ou terá noites mal dormidas que deixem a pele baça, desconfortável e sem radiância. (E, já agora, fica a dica de prenda para todas as mulheres, com ou sem filhos, que miminhos destes não se podem confinar a um grupo apenas, vá.)


1 - Clinique Moisture Surge Overnight Mask
2 - Erborian Sleeping BB Mask (comprei-a numa promoção da Showroomprivé e acompanha-me duas vezes por noite como creme de noite.)
3 - Kiehl's Ultra Facial Overnight Hydrating Mask
4 - Eisenberg Firming Remodelling Mask (não é específica para a noite, mas uma já a experimentei tanto em modo máscara rápida quanto para o sono de beleza e adorei-a)
5 - Sisley Eye Contour Mask*
6 - GlamGlow Brightmud Eye Treatment* (usei-a no avião, numa viagem de 11 horas e a pele chegou fresquinha, fresquinha -- muito mais do que eu!)
7 - GlamGlow Thirstymud Hydrating Treatment (uma que adorava experimentar, adoro o cheiro dela)
8 - Sisley Black Rose Cream Mask (mas que maravilha!)

* porque os olhos também precisam e merecem.

Se conhecerem outras máscaras de noite que sejam maravilhosas, por favor comentem aqui ou no facebook. Agora que entrei no belo mundo das máscaras, quero experimentar tudo (fosse tal possível!). 

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Bioderma | Água micelar Abcderm para limpeza do bebé

Quando, ainda grávida, comecei a juntar uma listinha de produtos que seriam necessários para o ser que aí vinha, a S. do Bola de Sabão aconselhou-me a usar a água micelar da Bioderma, da linha específica para bebés, a ABCderm, com compressas de tecido não tecido, para limpar o rabinho (e qualquer outra parte do corpo que se suje - que nesta altura do campeonato já nos apercebemos que xixi e cocó é coisa que vaza, migra, sai da fraldinha e suja muito mais do que a região demarcada do rabinho). 


Achei extremamente curioso, até porque, fazendo eu mesma reacção ao uso continuado de toalhitas, estava realmente resistente a usá-las diariamente, fossem de que marca fossem, prometessem o que prometessem. Para mim, as toalhitas representavam ingredientes a mais que não via como necessários na pele do bebé desde tão novo, e uma quantidade de lixo superior (e olhem que não sou a pessoa mais eco-consciente do mundo! Não abdico do conforto das fraldas descartáveis, por exemplo, mas, neste caso, valia a pena considerar). Quando, nas aulas de preparação para o parto, a enfermeira nos aconselhou a usar as tais compressas com água, mesmo que fosse da torneira, pus qualquer dúvida de lado e adoptei de imediato a sugestão da água micelar.   

O frasco de um litro dá para, no mínimo, um mês, consoante o número de fraldinhas sujas diárias. O formato transparente com uma bomba em cima é extremamente prático na hora do aperto; nem ficamos sem água para limpar porque vemos perfeitamente quando está a acabar, como é muito fácil molhar a compressa só com uma mão, segurando umas perninhas energéticas com a outra. Uma boa esguichadela é suficiente para limpar xixis simples, e, para cocós, nunca menos de três compressas com duas "bombeadelas" de água micelar. A pele mais vermelha fica fresquinha e nota-se que limpa e acalma de facto qualquer início de irritação ou vermelhidão (sim, porque, com os produtos que usamos, o nosso bebé nunca ficou realmente irritado, mesmo sem usar a cada muda o Bepanthene, nem hidratando diariamente, por acharmos que a pele dele não precisa), além de limpar muito bem e deixar o bebé com um cheirinho agradável e nada intenso como outras marcas. 

Nós compramos os nossos frascos na Cocooncenter a 10,90 €. Nas farmácias portuguesas, esta água é, pelo menos, uns 5 euros mais cara, o que nos leva a fazer stock todas as vezes que fazemos uma encomenda na farmácia virtual francesa. A partir de 99 € os portes para Portugal são gratuitos, o que implica um gasto grande de uma vez, mas uma poupança de dezenas de euros a médio prazo. E, se forem como eu, juntam várias encomendas de produtos de farmácia da família mais próxima e o valor mínimo para o envio gratuito atinge-se rapidamente. Todos poupam, todos ficam a ganhar. 

Já me estava a esquecer... No final dos dias mais difíceis, podem sempre usar esta água para a vossa limpeza facial, sem sair do quarto. Não é desmaquilhante, mas para uma limpeza simples é boa. Só têm o senão de ficarem, como me disse o espécimen masculino cá de casa, nas raras noites em que isso aconteceu, a cheirar ao rabinho do bebé. Cheira bem, pelo menos. 

Quem, como eu, olhar de lado para as toalhitas para uso diário e as querem deixar apenas para saídas pela sua praticidade, pode optar por uma água deste género (ou água normal, apesar de terem de abusar mais nos cremes hidratantes, neste caso). Eu aconselho vivamente. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Maternidade | Entendamo-nos antes de mais!

Desde que engravidei e especialmente agora, nesta aventura com o bebé A., várias pessoas acabaram por manifestar os seus receios e dúvidas relativamente a tudo o que tem a ver com maternidade. Não me tinha apercebido, anteriormente (porque era assunto que, realmente, não me interessava), das reticências que muitas pessoas têm de ter efectivamente um filho por causa de mitos, medos, estereótipos e deturpações da realidade. Na verdade, e ainda este fim de semana conversava sobre isto com uma amiga, a maternidade está, ainda, envolta em tabus, camuflada num véu rosa pastel com brilhos mágicos, e deus-nos-valha-que-falemos-mal-deste-que-é-um-estado-de-graça-tão-divino! 

Pois bem, e antes de começar a escrever sobre a minha experiência (que eu nunca gostei de véus ou peneiras a tapar o sol), deixem-me que avance desde já com a minha posição geral sobre o assunto para não criar confusões e estar tudo claro. Eu não acho que todas as mulheres tenham de ser mães, não acho que isso nos faz melhores, mais femininas ou mais realizadas. Respeito bastante quem opta por não ter filhos e o assume, até porque, nesta nossa sociedade ainda extremamente conservadora, é preciso ter coragem para tal (Eu casei e tive um filho depois dos trinta e tive de ouvir milhentas parvoíces, desde questionarem se eu seria lésbica até afirmarem com toda a certeza que eu já estaria infértil... Enfim!). 

Da mesma forma, respeito igualmente quem decide ter filhos e, havendo sensatez e consciência na criação de uma criança feliz, cada um sabe como e quando o quer fazer. Não acho que haja um contexto "ideal" para ter um filho (como tantas vezes eu ouvi) e, estando asseguradas as necessidades básicas do bebé a vários níveis, as pessoas, o casal, os pais, que decidam e ninguém tem de julgar (o processo já é bem complicado sem haver dedos a apontar constantemente, fará com!). Na minha pequena família multi-cultural, o nosso petiz já vai andar sempre entre dois continentes e, nesta nossa mente aventureira, ele será o nosso companheiro de viagem, onde quer que ela nos leve. Nós sabemos que não somos desprovidos de racionalidade, pelo que não lhe faremos mal, mesmo não estando presos a uma casa (e a um crédito que nos tolhe a alma), a um país, a uma vida para o resto dos nossos tempos (até porque tal é cada vez mais impossível, mesmo para quem o deseja). Pelo contrário!  

Portanto, e mesmo acedendo a pedidos de partilhar como foi o está a ser este processo, quero lembrar que cada gravidez é uma gravidez, cada parto é um parto e cada criação é uma criação. Há quem adore amamentar, há quem deteste; há quem queira um parto com dor, sentido, em casa, e, outras pessoas, no hospital, com todos os analgésicos aos quais têm direito; há quem se sinta luminosa, radiante, bonita e sexy com uma barriga proeminente, há quem demore para se sentir novamente sensual e irresistível e que não se sinta tão bem com as mudanças que a gravidez faz. Há tantas experiências quanto mulheres e não nos devemos prender a uma apenas, nem nos sentirmos culpadas ou piores por não sermos mulheres que nasceram para ser mãe (porque as há... e muitas!). 

Vou relembrando isto ao longo dos textos, mas mulheres receosas por aqui, não levem tão a sério o que dizem como dogmas e verdades únicas. Não tenham medo de serem "más mães". Para falar verdade, não há um manual e todos os pais erram, bastante, e cada um tem o direito de acertar e errar à sua maneira. Se quiserem e acharem que pode ser, força! Que se danem os outros! 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Kérastase | Densifique Bain Densité

Diz-se por aí que o cabelo cai e enfraquece que nem um louco após o parto. Eu até falo disto apenas entre dentes, em surdina, que ainda nada me aconteceu ao meu, que continua com a queda e o aspecto normal dele, e espero que assim se mantenha. Na verdade, também não tive aquela juba maravilhosa que dizem que as mulheres têm na gravidez (o meu cabelo continuou a cair e com o mesmo volume), portanto, nada mais justo que, não tendo os meus fios brilhado num corpo carregadinho de hormonas loucas, também não decidam entrar em depressão agora.

imagem: Strawberrynetmedia.com

Entretanto, há uns meses, decidi experimentar o champô da linha Densifique da Kérastase. Com um cabelo fino e sem grande volume, pareceu-me interessante usar algo que promete "reavivar os bolbos capilares adormecidos e conferir substância e tonicidade ao cabelo", deixando-o com "mais elasticidade, mais resistência e mais densidade." Supostamente, seria uma linha com "Stemoxydine ®: a molécula de densidade por excelência" e ácido hialurónico, para conferir a tal "elasticidade e tonicidade à fibra capilar".

Com um cabelo fino, a grande dificuldade que encontro, muitas vezes, é a combinação de um produto que dê volume mas que, ao mesmo tempo, não deixe os fios secos. Gosto da sensação de um cabelo aparentemente mais denso, mas sedoso e macio, e, até hoje, muitos champôs foram incapazes de cumprir todos os objectivos. Não é o caso deste, muito jeitoso.

Em primeiro lugar, e digo já em jeito de aviso, se preferirem produtos com um aroma mais suave, vão detestar este. Não chega a ter o perfume intenso dos champôs masculinos, mas é um cheiro que se mantém durante algum tempo e pode incomodar. Ultrapassada a questão, é um champô maravilhoso. Usei-o semanas a fio e vi, de facto, melhorias ao nível da aparência do meu cabelo. Parecia efectivamente mais denso, como se tivesse mais fios (mas desenganem-se se acham que vão ficar com um cabelo de anjo da Victoria's Secret! Também não é milagroso.) O meu cabelo fininho e escorrido, se não for seco com o secador, ganhou uma vida para lá do ar quente artificial. Sem tanto tempo para um brushingzinho caseiro, este champô (associado com condicionadores e máscaras sobre os quais escreverei mais tarde) torna possível sair de casa com um cabelo sequinho ao vento e, mesmo assim, com um ar decente e que não me deixe mal (ou seja, sem parecer agarrado à cabeça como se fosse lambidinho ou, numa versão também muito comum, num caos de jeitos e ondas anárquicas e secas).

Como não há bela sem senão, e este ponto menos favorável dependerá apenas do estado do vosso couro cabeludo, senti que este champô, se usado insistentemente, pode, após umas semanas, deixar o couro um bocadinho irritado. Confesso que praticamente todos os champôs que usei me fazem isto, pelo que tenho sempre um Bain Dermo-Calm, também da Kérastase, a uso para o acalmar. Portanto, não é defeito que me afecte muito per se.

Compro os meus champôs Kerastase na Look Fantastic, aproveitando sempre promoções de 20% ou mais. Não são produtos baratos, não são. Mas, decididamente, é a marca que deixa o meu cabelo com melhor aspecto e brilho. Tentei outras marcas, de supermercado e de farmácia, das mais às menos caras (dentro dessas linahs), mas até agora não encontrei outra igual. Pode ser que um dia destes outra, como a Shu Uemura (e a minha eterna vontade de testar produtos de cabelos deles!), me seduza e a destrone.

domingo, 12 de abril de 2015

Prendas | E aí vem o Dia da Mãe! #1

Este ano é o meu primeiro Dia da Mãe enquanto tal, portanto, nada mais adequado do que juntar umas quantas coisinhas que, vá lá, se tornam essenciais na vida de uma mãe de um recém nascido (que durante nove meses carregou o pequeno goblinzinho do amor -- Mila Kunis, estou contigo! -- e se sentiu grande, redonda, e muito pouco glamorosa). É o regresso à feminilidade, à confiança e ao mundo maravilhoso das coisas (materiais, sim senhora, que de mundos inundados de arco-íris e unicórnios rosa podemos ficar fartinhos) belas!


1 - O tempo passa a ser medido constantemente... São horas entre mamadas, são minutos a mamar, tempo para o banho, leites artificiais que precisam de descansar antes de ser dados (exactamente 7 minutos!), minutos longos (que mais parecem horas) à espera para ser atendida onde quer que seja se o petiz está a choramingar... Enfim, que melhor forma de acompanhar o tempo com um Michael Kors no pulso, neste tom rosa dourado, de preferência (e não, não entro na onda dos DW, sou fã destes aqui e continuarei fiel). 

2 - Adoro All Star! Sim, não me enganei, sapatilhas converse all star, agora em cano baixo, que, pudesse eu, teria em todas as cores do arco-íris e mais algumas. Mas, depois de meses de salto rasinho e reconhecendo que agora é o melhor (que eu não quero desequilibrar-me com um bebé grande e energético no colo), há dias em que os pés precisam de se sentir bonitos (eles, os grandes vaidosos, não eu). Umas Adilina destas da Ted Baker, que eu adoro eu nude, resolveriam a questão e tornariam qualquer cheiro a leite azedo constante na roupa praticamente imperceptível (não há relação directa mas, acreditem, embelezem qualquer mãe de um recém nascido e verão a fénix renascer das cinzas).

3 - Coloquei esta da Guerlain, a Selection d'Été (luxo, puro luxo) no rol de prendas, mas poderia ser qualquer paleta de maquilhagem (como a Showstopper da Tarte, por exemplo, ou outras que apareçam, normalmente nos aeroportos ou em edições limitadas) com um ar elegante e que tivesse, dentro, produtos de cara, olhos, pincéis decentes e, já que é para pedir, um ou outro baton ou gloss. Uma embalagem bonita e resistente e chamar-lhe-íamos "Kit Salva Brilho". Eu juntei um conjuntinho de produtos que não me decepcionam numa bolsinha e maquilho-me, frequentemente, no carro (porque, lá está, as saídas de casa em família são um processo frenético, ao qual nos temos de adaptar, mas que nunca nos deverá apagar, atenção!). Como uma paleta destas não daria jeito a tanta gente... Marcas, fica a dica!

4 - Sair rapidamente de casa, leve, com uma malinha a tira-colo é coisa cada vez mais rara, confesso. Preparar passeios a três requer sempre uma certa bagagem para o bebé A., com mudas de roupa, fraldas, cremes e afins. Ter, por isso, uma malita assim, como esta da Yummy Mummy, que nos agrade tanto ao olho quanto tem de útil não me parece, por isso, pedido escabroso, vá. (Já nem falamos em manter o estilo com uma Armani, Gucci, Burberry... e por aí fora)


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Guerlain | Joli Teint Poudre Duo Bonne Mine

Como fã inveterada dos produtos de pele da Guerlain, não demorou muito para que o novo pó Jolie Teint me cativasse o olhar. As embalagens são sempre o primeiro chamariz de atenção, especialmente estas de edição limitada da linha de culto Terracotta que, pudesse eu, trataria como se de uma colecção fosse e compraria quase todas.

foto: Guerlain.com *
Os pós Joli Teint, supostamente para complementar as bases com o mesmo nome, vêm em quatro tons, dois para louras e dois para morenas, para cada uma um claro e um escuro. Eu não tive oportunidade de ver os tons ao vivo (este veio directamente de Barcelona pela minha mãe, com uma latinha de bolachas da Cure Gourmande... como gostamos de recuerdos destes!), mas a única diferença da qual me apercebi nas fotos é uma combinação mais rosada para as primeiras e um tom mais pêssego para as brunettes. Eu optei pelo segundo, na versão mais clara, já que queria um pó de acabamento que me aquecesse a tez, sem exagerar. Algo que pudesse inclusivamente substituir o Les Beiges que ando a namorar há algum tempo, mas que não vêm no meu tom para as lojas perto de mim (talvez um dia, quando voltar a Paris, o compre).    

A embalagem foge dos acastanhados dos pós terracotta e tem uma tampa beige rosada muito bonita e elegante, com o ar de luxo que têm normalmente os produtos da marca. Quando abrimos, encontramos um espelho decente e (maravilha!) sentimos imediatamente o aroma intenso da Guerlain, desta vez com notas de flor de laranjeira, freesia e toques de baunilha (segundo descrição da própria Guerlain). Eu nunca me incomodei com o cheiro dos produtos Terracotta, mas quem preferir algo sem cheiro vai detestar este pó. 

O pó em si, com 10 g, é composto por duas partes, a maior, mate quando aplicado, é um bronzer ligeiro, que se funde com a pele para aquele ar saudável que a Guerlain promete, à prova de aselhas e de mãos pesadas. Este que tenho é quente, talvez demasiado "alaranjado" para quem tem uma tez mais fria, apesar de não ficar nem um pouco laranja, com aquele ar de solário que alguns pós dão, na minha pele. Se querem um ar realmente bronzeado, o melhor, contudo, é comprarem uma outra opção dos pós Terracotta da Guerlain porque este, mesmo com muitas camadas, não dá um ar moreno do sol. Servirá apenas, como eu uso, para esta transição de pele baça e pálida do Inverno para algo mais dourado e coradinho com os dias soalheiros da Primavera. 

Com uma textura muitíssimo fina, o tom pêssego tem ainda umas partículas de brilho, que não acentuam poros, nem parecem uma bola de espelhos nas maçãs do rosto. Pelo contrário, conferem uma luminosidade bonita e discreta, num tom também ele natural (nada de chineladas no rosto, se faz favor). Um dois em um, portanto, um pó facial de acabamento, se quisermos usar apenas o lado maior, e um ar radiante, a tal bonne mine francesa (expressão que eu adoro e não tem equivalente directo) se quisermos juntar a tira de cor. 

Já vi o Joli Teint à venda nas Sephoras, mas até agora, o melhor preço ao qual o encontrei foi na perfumaria espanhola Primor, fantástica para comprar produtos da Guerlain, se me permitem o conselho. Lá encontram as quatro cores a 32,90 €, o que não me parece muito para o produto que é, confesso.


*amanhã publico as minhas fotos. Hoje quando terminaram as cólicas do ser mais pequenino da casa, já não havia luz decente.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Decoração | Os autocolantes de parede da Stickers Wall

Quando pensei em decorar o quarto do A. (o bebé cá de casa), pensei logo em torná-lo colorido e com muitos estímulos visuais, atraente a um olhar observador e que quer beber a vida de olhos bem arregalados. Apesar de, por enquanto, ele dormir no nosso quarto, no Next2Me da Chicco (que adianto já que valeu todo o dinheiro que demos por ele!), assim que as noites estiverem mais quentinhas, ele irá para o espaço dele, com o bercinho, armários e brinquedos dele. E, agora, com as paredes prontinhas para recebê-lo. 


Encontrar uma opção divertida e que nós achássemos bonita e a um bom preço não foi fácil. Tudo o que encontrávamos em Portugal eram autocolantes simples e/ou demasiado caros para aquilo que eram (e para o que queríamos gastar). Acabei por encontrar a Stickers Wall, uma loja do Ebay, que tem imensas opções de decoração de parede, não apenas de criança mas também para adulto, com os mais variados temas e materiais. Poderia estar a enumerá-los um a um, mas, o melhor é mesmo, se quiserem, darem uma saltada no site e pesquisarem o que mais vos agrada. Tirem um tempinho porque há imensa coisa à disposição. Eu demorei alguns dias até decidir qual o modelo que iria comprar. 

A compra foi muito simples, os portes de envio não foram um absurdo e, no total, as três páginas de autocolantes, com uma árvore de dois metros e variadíssimos animais não chegou a 35 euros. As folhas vêm enroladas dentro de um canudo de cartão grosso, pelo que não se estragam no caminho. Antes de colá-las, deixámo-las uns dias deitadas, para voltarem a ficar lisas e, assim, facilitar o processo de colagem na parede, que foi muito simples e rápido. Passaram já uns dias e não há nenhum, nem os mais pequenos, que ameace descolar-se, mesmo na nossa parede rugosa.

Para quem estiver interessado em fazer algo diferente às paredes de casa sem usar tintas ou mudar totalmente a cor, fica a dica para algo que se põe facilmente, personaliza o espaço e, diz a marca, pode ser removido sem danificar a parede. Stickers Wall, recomendo totalmente! 


Regresso de uma Salinha três meses depois

Daqui a uma semana comemorar-se-á cá em casa o terceiro mês em que a nossa vida mudou. Mudou, apenas, não desaparecemos como éramos, nem perdemos quem nós somos. Enriquecemos, a cada dia. Não temeis, portanto, gente que quer ter filhos, mas tem medo de quem se tornará. No nosso caso, apenas temos um terceiro elemento, muito pequenino, com a sua identidade em formação (e com tantas nuances já definidas), para nos acompanhar nesta nossa aventura. Ele cresce connosco, e nós com ele.

A adaptação, contudo, tem dias mais simples e outros mais complicados e, só agora, senti confiança para regressar ao blog e regressar com alguma consistência, nada de esporádico ou pontual. Dia sim, dia não, voltarei à partilha e, aos poucos, àquilo que fazia antes. Porque, como disse uma vez, passei a ser mãe, com tudo o que isso abarca, mas não deixei de ser mulher, ambiciosa, namorada, apaixonada pela vida e com milhentas ideias a fervilhar. 

A mudança principal será que, nesta Salinha, a partir de agora entrarão igualmente as opiniões sobre produtos, brinquedos, e o que eu achar pertinente sobre bebés. Parece-me normal, tendo em conta que eu mesma preciso das opiniões de mães mais experientes, quem já passou por lá, para não ter a sensação de fazer as coisas completamente de olhos fechados. E comprar coisas completamente inúteis! Uma vez por outra, e seguindo pedidos que já me fizeram, virão textos mais pessoais, sendo um dos mais requisitados o do meu parto (que devo desde já dizer que foi uma excepção completa à regra, não deverá ser tido como a norma de forma alguma!). Tentarei intercalar temas, para também não massacrar ninguém. E não, nunca será um diário de mãe, nem verão fotos da minha cria, desculpem, para isso há outros blogs que poderão ser interessantes.

Enfim, estou de regresso e sabe-me bem! Até já, nesta Salinha!  

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Salmão caramelizado

por Carol Vannier

Fui cheia de amor no coração pensar numa receita proteica para compartilhar com meus amados fazedores de dieta low carb e acabei onde? Numa receita de salmão que leva açúcar. Definitivamente os carboidratos me perseguem. Ou eu que os persigo? De qualquer jeito é uma receitinha muito gostosa, muito fácil e muito rápida. E nem é tanto açúcar assim, não é sobremesa!

Essa é uma receita do Nigella Express, mas tem também no site dela. Pra quem acha que receita da Nigella é só pra enfiar o pé na jaca da dieta, saiba que ela tem também suas dicas mais lights. O primeiro livro dela, How to Eat, tem um capítulo inteiro sobre dieta.  Aliás, é um livro delicioso, meio prosa meio receitas, e todo mundo que gosta de comer deve achar ali algo de interessante.

Então aí vai a receita, que ela recomenda ser servida com arroz branco e fatias de gengibre (daquelas que acompanham sushi). Eu sugiro um arroz branco misturado com alho poró refogado.



SALMÃO CARAMELIZADO COM MIRIN
do livro Nigella Express

Ingredientes

60ml de mirin (sakê culinário - se tiver uma sobra de sakê normal, manda ver!)
50g (1/4 xíc) de açúcar mascavo
60ml de shoyo
500g de salmão cortado em 4 pedaços (de preferência a parte alta do filé)
2 c. sopa de vinagre de arroz
cebolinha a gosto

Preparo
  • Misture o mirin, o açúcar e o shoyo num pirex onde caibam os pedaços de salmão. Deixe marinar mais ou menos 3 minutos de cada lado. Enquanto isso vá aquecendo uma frigideira anti-aderente.
  • Frite o salmão na frigideira por aprox. 2 minutos de um lado, depois vire, adicione a sobra da marinada, e coznhe por mais 2 minutos. 
  • Remova o salmão da frigideira e adicione o vinagre de arroz na frigideira e deixe aquecer.
  • Despeje essa calda sobre o salmão e enfeite com cebolinhas por cima.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Salada de feijão branco e atum

por Carol Vannier

Continuando com as saladas que alimentam sem matar ninguém de calor: salada de feijão branco com atum. Adoro poder tirar meu almoço já pronto da geladeira e não estar comendo só mato ;)

A idéia veio de novo do Shutterbean, blog que adoro! Só é uma pena que aqui no Brasil é difícil achar feijão branco já cozido em vidros ou latas no mercado. Até existe, mas é raro e caro. Feijão branco e grão de bico assim facilitam muito esse tipo de salada. O que eu faço é que cozinho uma boa quantidade e congelo algumas porções com a água do cozimento. Mas se ficar fechadinho na geladeira dura bem.

O resultado é bem fresquinho e eu costumo comer pura, mas dá pra fazer umas torradinhas caprichadas também. Então vamos à receita porque meu cérebro já tá derretendo de calor e eu não consigo pensar em mais nada pra escrever!


SALADA DE FEIJÃO BRANCO E ATUM

Faltou a salsa mas teve nozes ;)
Ingredientes (tudo aproximado e podendo mudar ao gosto do freguês!)
250g de feijão branco cru, que deve render +- 4 xícaras dele cozido
1 lata de atum sólido (desfio depois, o já ralado eu acho esquisito)
4 talos de aipo cortado em pedacinhos
1/2 cebola roxa cortada em pedacinhos
um punhado de salsinha picadinha (faltou no meu! e fez falta)
um pouco de vinagre, o tipo que você preferir
um pouco de limão espremido
bastante azeite, sal e pimenta do reino

Preparo
É só cozinhar o feijão e depois misturar tudo quando ele já estiver frio! E não tenha medo de botar vinagre e limão, fica muito sem graça se não tiver o azedinho. Vá provando e ajustando ;)

Variações: coloque nozes ou amêndoas, tostadas e picadas, ou faça com maionese em vez de azeite se você preferir.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma outra salada de cevadinha

por Carol Vannier

Você já comeu cevadinha? Eu já coloquei uma receita de salada de cevadinha aqui antes, uma salada quente e substancial. Hoje eu vou colocar mais uma, um pouco mais leve, e gostaria muito de convencer alguém que não conhece cevadinha a experimentar. Eu sinto que a moda dos grãos integrais, por mais que tenha convencido muita gente, só chegou no pão de fôrma integral e no arroz integral. Na verdade é difícil achar mais do que isso pra vender nos supermercados. Por isso, preciso ajudar a criar um mercado consumidor!

A cevadinha eu tive que ir comprar no Irmãos da Terra, mas ao menos o preço é camarada, R$ 7,00 o quilo. Meu orçamento precisa se recuperar da quinoa... E o farro, que seria o grão usado na receita que me inspirou, esse eu nunca vi pra vender aqui no Brasil. Mas farro, cevadinha e trigo são grãos que se assemelham muito, então não tive dúvida quanto à substituição. Só um detalhe: eu usei uma cevadinha integral, mas já encontrei pra vender uma versão mais branquinha, provavelmente o equivalente ao arroz branco, sem casca. Perde muito a graça! Procurem uma cevadinha marronzinha, integral. Combinado?

Caso você ainda esteja achando estranho o conceito de salada de cevadinha, pense numa salada de feijão fradinho ou branco (em breve por aqui!) ou numa macarronese. São coisas que "pertencem" de certa forma aos pratos quentes, mas que dão ótimas saladas num estilo prato único. O feijão, o macarrão, ou no nosso caso, a cevadinha, é uma base para você enfeitar em cima. Esse estilo de prato também é muito útil pra ajudar a reduzir o consumo de carne, caso alguém aí esteja interessado, nem que seja só por fugir da nossa fórmula brasileira de arroz + feijão + alguma carne + um enfeitinho. Vamos variar!




SALADA DE CEVADINHA DE VERÃO
adaptado daqui
  • 1 xícara de cevadinha crua, cozida em 3 xícaras de água fervente com sal por aprox. 30 minutos. 
  • 1 cebola roxa ligeiramente refogada em azeite e depois imersa em mais azeite e vinagre balsâmico, pra preparar o molho.
  • 1 pimentão vermelho, 1 cenoura grande, uns 3 talos de aipo, um punhado de cebolinha, tudo bem picadinho. Você pode estranhar a cenoura cortada em cubinhos pequenos, mas com uma faca boa não é difícil. Uma opção seria fazer uns fiapinhos num processador. No ralador normal acho que ela perde o fator mordida.
  • Um punhado de sementes de girassol levemente tostadas numa frigideira limpa.
  • Misture tudo e pronto! De um dia pro outro fica ainda melhor. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Devaneios | Charlie Hebdo e a Liberdade de Expressão

O ataque de hoje (de facto escrito ontem, mas adormecido a meio) ao Charlie Hebdo levanta, mais uma vez, várias questões que activam freneticamente a parte do meu cérebro que quer eliminar a idiotice e os extremismos aos quais assisto. Não estou aqui a definir tipologia do "extremismo" em causa porque, infelizmente, eles espoletam fundamentalismos de todos os lados e se achamos que só o encontramos nas acções horríveis de quem mata, estamos enganados. Ele está igualmente na parte de quem reage. E isso assusta-me profundamente. 

Compreendam-me. Não estou a pôr todos no mesmo saco. Nem mesmo a afirmar que me horrorizam todos da mesma forma. Contudo, a cegueira e a ignorância daqueles que se insurgem nas redes sociais (e por aí), nos media, de lideres de opinião ou meros mortais, de forma tão odiosa, carregando rancores a pessoas, grupos, crenças, que não conhecem, com as quais não querem ter nada a ver, nem se aproximar, leva a uma escalada de violência que, francamente, me revolta e faz desacreditar na raça humana. Porque haver dois, ou três idiotas baralhados com a sua função na Terra e no seu papel enquanto ser humano, admito, não me amedronta tanto (por mais que as suas acções sejam, repito, atterrorizantes em certa medida) quanto a aglomeração de cérebros que se alimentam da retórica da violência, procurando argumentos para a manter e usá-la segundo o seu próprio prazer e vontade. E, convenhamos, Hobbes já nos dizia que, afinal, no seu estado de natureza, o ser humano não é propriamente uma criatura boa e altruísta. O poder será sempre a cenoura na ponta do fio. Seguir essa tendência de forma acrítica, proferindo frases irreflectidas ao vento, e espalhando-as como se fossem verdades absolutas, nunca nos fará melhores.

Sobre a liberdade de expressão, conceito tão maltratado, em consequência do atentado, depois de anos de luta por sermos quem somos e podermos manifestar a nossa opinião sem condenações, muitíssimo haveria a dizer. Especialmente depois de ler em tantos locais por aí que os cartoonistas do Charlie Hebdo (e outros, já agora, por arrastamento e, ah, olhem só como seria bom, todos os jornalistas!) deveriam ter sido/ser mais "razoáveis", como se fosse deles a culpa do que lhes aconteceu, vejo como há pessoas cujo desconhecimento histórico afecta, e muito, o julgamento. E como devemos temer o esquecimento da História!

Confesso, não sou adepta da ideia de Stuart Mill que tudo deva ser dito, especialmente nos media, pelo papel e poder que têm (nós, os que pouco influenciamos, que digamos o que quisermos que a única coisa que afectaremos é, de facto, a noção que outros têm de nós), mas a única linha clara que desenho (e que, para mim, é óbvia, embora reconheça que não é consensual e cada um tem a sua opinião) é efectivamente no discurso do ódio, na incitação à violência gratuita, directa, força activa em genocídios e crimes contra a Humanidade. Toda a gente se lembra com certeza do papel dos locutores de rádio no Ruanda em 1994, que iniciam a matança apelando aos hutus que "matem as baratas!". Isto sim parece-me condenável. Agora, não se confundam! Estamos a falar de um Estado democrático (França), de uma publicação de humor que era reconhecida como referência na sua área e que satirizava democraticamente em todas as direcções. Os olhos do Charlie Hebdo e o humor (infelizmente incompreendido por tantos) que jorrava das suas páginas não tinha um alvo preferencial, não era anti-islâmico, não era anti-nada, era apenas um grupo de mentes (brilhantes, que para mim quem faz bom humor tem de ter sempre uma capacidade intelectual acima da média) que brincava com tudo e todos, provocando a reflexão através do riso, de situações cómicas, de desenhos geniais (uns mais do que outros, mas é sempre a arte) e que, pelos que acompanhei, nunca incitaram o ódio contra quem quer que seja, pelo contrário, tratava todos por igual na sua jocosidade (imaginem como deveria ser divertido trabalhar numa redacção destas!). Colocar limites temáticos a cartoonistas destes é, no mínimo, desrespeitador. Tanto quanto teria sido dizer a Gil Vicente "Vá, agora não escreves nada sobre costumes da sociedade, que pode sentir-se ofendida. Gil, sê razoável.". Ou a Molière, também francês, ou a qualquer autor satírico... O que não teríamos perdido!

Sejamos razoáveis! Nenhum profeta foi vingado (pelo contrário, quero acreditar que, a haver algo/alguém, se ria desalmadamente de braço dado a moisés e a afins personagens das caricaturas que lhes fazem) pelo atentado, como nenhuma religião, nem deus foram ofendidos pelos desenhos. Afinal, não acreditamos que eles estão acima de nós em tudo?! Não compreenderão o humor e a sátira, já que são seres tão superiores a nós, reles mortais?! Tristes de quem não o compreendem, e que aproveitam a deixa para alimentar a raiva, a incompreensão e a violência e limitar liberdades conquistadas por vezes a custo de tantos. 


         


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Maternidade | E que assim se abra o diálogo!

Cada pessoa sente a sua gravidez (e a própria vida, se formos a estender o conceito) à sua maneira. Por mais que nos informemos, que procuremos estar preparados para tudo e mais alguma coisa, na realidade os sintomas vão e vêm e são mais ou menos arrebatadores independentemente dos livros que leiamos, dos especialistas que consultemos, das pessoas que ouçamos. Não estou a dizer para seguirem a vossa intuição de forma totalmente aventureira, se tal não o quiserem fazer, mas apenas para relaxarem e fazerem o que mais segurança, confiança e paz vos dê, com a consciência de que a vossa gravidez será sempre a vossa, de mais ninguém. Eu, por exemplo, leio sobre determinados assuntos e separo muito o que acho que vai ao encontro daquilo que eu sinto e quero, estando sempre aberta a imprevistos, que são o prato de cada dia. Mas nem toda a gente tem, nem deve, ser assim. Estamos a falar de escolhas, não de um manual fechado de como se viver esta fase. 

Posto isto, e sublinhando o facto de este relato ser só e tão somente a minha visão (mais uma vez, a minha experiência, destes meus nove meses que estão no final), se alguém vos disser, logo no início, mal apresentam a boa nova, para aproveitarem tudinho da gravidez ao pormenor, ao segundo, porque será uma das melhores, mais felizes, mais bonitas, mais etc. e tal fases da vossa vida, franzam a sobrancelha e façam cara ameaçadora: das duas uma, ou essa pessoa vos mente, ou encontrou algum elixir mágico e não quer partilhá-lo com o mundo. Ou, numa terceira hipótese, essa pessoa tem alguma disfunção em algum (ou mais) campos da vida pessoal, que canaliza tudo para um determinado momento, tornando-o um mundo de nuvens de algodão doce e cavalos mágicos alados, mas, mais uma vez, isso são outros quinhentos.

A gravidez, ou, vejamos, para não ferir susceptibilidades, a minha, não é pêra doce. Nem poderia ser. O corpo está, afinal, a adaptar-se a um ser estranho, que se gera e cresce dentro dele, forçando-o a reequilibrar-se, a reestruturar-se, a abrir-se e a trabalhar de forma diferente e muito mais acelerada. Parece uma tarefa simples e sem quaisquer danos colaterais? A mim não, nunca me pareceu, muito embora tivesse sido uma gravidez planeada, desejada e que nos faz muitíssimo felizes, não me entendam mal. Talvez o meu corpo, numa mente de control-freak, frenética, não estivesse habituado a ser forçado literalmente a abrandar, a sentir o descontrolo total e necessidades absolutas. Durante a gravidez, se houve coisa que o meu corpo me ensinou foi que quem mandava aqui, nesta fase, era ele, na sua tarefa hercúlea de gerador de um novo ser, uma nova entidade, com uma mente, com vontades, com uma vida que não era a minha, que eu não controlava totalmente. Mais uma vez, digam a uma fanática pelo controlo e perfeccionismo que, a partir de agora, nem tudo dependerá dela, por mais que ela seja o palco no qual se dá toda a acção. Digam-lhe que pode fazer tudo bem, tudo da melhor forma possível, que pode organizar o tempo, a sua vida, como especialistas mandam, e mesmo assim ser assolada por imprevistos que obrigam a mudar agendas, a rever objectivos, a reescrever o caminho que traçou, mesmo a curto prazo... É tarefa árdua (por mais que seja desejado!). 

Conciliar papéis e funções de facto não é fácil, mas, acreditem, para mim, estes têm sido meses de aprendizagem, com o meu corpo no lugar de professor paciente. O tempo é contado de forma diferente, meses passam a semanas, os trimestres ganham outro sentido e as metas começam a ser instituídas por ecografias morfológicas, análises ao sangue e preparativos básicos como a compra de carrinhos, berços, fraldas e tudo o que o bebé precisar. Afinal, queremos que seja bem-vindo, com o melhor que temos para dar (que, mais uma vez, depende de cada pai/mãe e não é necessariamente a mesma coisa). As horas que consagrámos a determinados fins são, subitamente, arrebatadas por necessidades com as quais não estávamos à espera e a nossa reacção, outrora (quiçá) intensa, afectará, agora, outro ser. O stress, a ansiedade, as preocupações devem ficar para segundo plano e, para uma ansiosa crónica, reconhecer quando parar e quais as prioridades que marcarão o resto da nossa vida é um passo importante e essencial a dar. Sim, estes nove meses não têm sido apenas de crescimento físico, a adaptação mental, identitária, foi um processo que começou no início, desde que as duas linhas ficaram vermelhas, não apenas algo que se dará na altura do parto (pelo menos da mãe, o pai é todo um outro assunto).  

Como, nesta Salinha, sempre se propôs falar, partilhar, dialogar sobre qualquer assunto que poderá ser de interesse, eis que este será o primeiro de alguns mais pessoais sobre o que foram estes nove meses. Sem cavalos brancos alados e arco-íris mágicos. Não porque quero massacrar alguém com relatos chatos e até incomodativos de uma intimidade forçada (nem isto é um diário, nem eu sou pessoa para os pequenos dramas sensacionalistas que tanto atraem), mas porque a alguém que, como eu, procure a internet para outras experiências, outras visões, outras sanidades (que há algumas à minha volta que eu questiono, francamente -- e que por sua vez me devem questionar a mim, e eu vivo muitíssimo bem com esta multiplicidade de perspectivas, desde que não haja coerções de parte alguma), a minha pode agradar e até servir de alívio entre tanta coisa que se ouve, mesmo sem se pedir, de gente tão diferente de nós. Felizmente tenho, agora, algumas pessoas, que se contam pelos dedos das mãos, cuja opinião prezo e com a qual me identifico, perto de mim. Recorro a elas, sempre, em dúvida. Mas nem sempre foi o caso e confesso que o primeiro trimestre (o próximo post) foi o que mais me assustou. 

Se tiverem alguma sugestão, opinião, experiência ou partilha, não se acanhem, por favor. Eu ainda sou uma novata, ainda no processo, muito já passou mas ainda mais está pela frente. Todo o diálogo é bem-vindo. Obrigada! :) 

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