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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Salada de feijão branco e atum

por Carol Vannier

Continuando com as saladas que alimentam sem matar ninguém de calor: salada de feijão branco com atum. Adoro poder tirar meu almoço já pronto da geladeira e não estar comendo só mato ;)

A idéia veio de novo do Shutterbean, blog que adoro! Só é uma pena que aqui no Brasil é difícil achar feijão branco já cozido em vidros ou latas no mercado. Até existe, mas é raro e caro. Feijão branco e grão de bico assim facilitam muito esse tipo de salada. O que eu faço é que cozinho uma boa quantidade e congelo algumas porções com a água do cozimento. Mas se ficar fechadinho na geladeira dura bem.

O resultado é bem fresquinho e eu costumo comer pura, mas dá pra fazer umas torradinhas caprichadas também. Então vamos à receita porque meu cérebro já tá derretendo de calor e eu não consigo pensar em mais nada pra escrever!


SALADA DE FEIJÃO BRANCO E ATUM

Faltou a salsa mas teve nozes ;)
Ingredientes (tudo aproximado e podendo mudar ao gosto do freguês!)
250g de feijão branco cru, que deve render +- 4 xícaras dele cozido
1 lata de atum sólido (desfio depois, o já ralado eu acho esquisito)
4 talos de aipo cortado em pedacinhos
1/2 cebola roxa cortada em pedacinhos
um punhado de salsinha picadinha (faltou no meu! e fez falta)
um pouco de vinagre, o tipo que você preferir
um pouco de limão espremido
bastante azeite, sal e pimenta do reino

Preparo
É só cozinhar o feijão e depois misturar tudo quando ele já estiver frio! E não tenha medo de botar vinagre e limão, fica muito sem graça se não tiver o azedinho. Vá provando e ajustando ;)

Variações: coloque nozes ou amêndoas, tostadas e picadas, ou faça com maionese em vez de azeite se você preferir.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma outra salada de cevadinha

por Carol Vannier

Você já comeu cevadinha? Eu já coloquei uma receita de salada de cevadinha aqui antes, uma salada quente e substancial. Hoje eu vou colocar mais uma, um pouco mais leve, e gostaria muito de convencer alguém que não conhece cevadinha a experimentar. Eu sinto que a moda dos grãos integrais, por mais que tenha convencido muita gente, só chegou no pão de fôrma integral e no arroz integral. Na verdade é difícil achar mais do que isso pra vender nos supermercados. Por isso, preciso ajudar a criar um mercado consumidor!

A cevadinha eu tive que ir comprar no Irmãos da Terra, mas ao menos o preço é camarada, R$ 7,00 o quilo. Meu orçamento precisa se recuperar da quinoa... E o farro, que seria o grão usado na receita que me inspirou, esse eu nunca vi pra vender aqui no Brasil. Mas farro, cevadinha e trigo são grãos que se assemelham muito, então não tive dúvida quanto à substituição. Só um detalhe: eu usei uma cevadinha integral, mas já encontrei pra vender uma versão mais branquinha, provavelmente o equivalente ao arroz branco, sem casca. Perde muito a graça! Procurem uma cevadinha marronzinha, integral. Combinado?

Caso você ainda esteja achando estranho o conceito de salada de cevadinha, pense numa salada de feijão fradinho ou branco (em breve por aqui!) ou numa macarronese. São coisas que "pertencem" de certa forma aos pratos quentes, mas que dão ótimas saladas num estilo prato único. O feijão, o macarrão, ou no nosso caso, a cevadinha, é uma base para você enfeitar em cima. Esse estilo de prato também é muito útil pra ajudar a reduzir o consumo de carne, caso alguém aí esteja interessado, nem que seja só por fugir da nossa fórmula brasileira de arroz + feijão + alguma carne + um enfeitinho. Vamos variar!




SALADA DE CEVADINHA DE VERÃO
adaptado daqui
  • 1 xícara de cevadinha crua, cozida em 3 xícaras de água fervente com sal por aprox. 30 minutos. 
  • 1 cebola roxa ligeiramente refogada em azeite e depois imersa em mais azeite e vinagre balsâmico, pra preparar o molho.
  • 1 pimentão vermelho, 1 cenoura grande, uns 3 talos de aipo, um punhado de cebolinha, tudo bem picadinho. Você pode estranhar a cenoura cortada em cubinhos pequenos, mas com uma faca boa não é difícil. Uma opção seria fazer uns fiapinhos num processador. No ralador normal acho que ela perde o fator mordida.
  • Um punhado de sementes de girassol levemente tostadas numa frigideira limpa.
  • Misture tudo e pronto! De um dia pro outro fica ainda melhor. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Devaneios | Charlie Hebdo e a Liberdade de Expressão

O ataque de hoje (de facto escrito ontem, mas adormecido a meio) ao Charlie Hebdo levanta, mais uma vez, várias questões que activam freneticamente a parte do meu cérebro que quer eliminar a idiotice e os extremismos aos quais assisto. Não estou aqui a definir tipologia do "extremismo" em causa porque, infelizmente, eles espoletam fundamentalismos de todos os lados e se achamos que só o encontramos nas acções horríveis de quem mata, estamos enganados. Ele está igualmente na parte de quem reage. E isso assusta-me profundamente. 

Compreendam-me. Não estou a pôr todos no mesmo saco. Nem mesmo a afirmar que me horrorizam todos da mesma forma. Contudo, a cegueira e a ignorância daqueles que se insurgem nas redes sociais (e por aí), nos media, de lideres de opinião ou meros mortais, de forma tão odiosa, carregando rancores a pessoas, grupos, crenças, que não conhecem, com as quais não querem ter nada a ver, nem se aproximar, leva a uma escalada de violência que, francamente, me revolta e faz desacreditar na raça humana. Porque haver dois, ou três idiotas baralhados com a sua função na Terra e no seu papel enquanto ser humano, admito, não me amedronta tanto (por mais que as suas acções sejam, repito, atterrorizantes em certa medida) quanto a aglomeração de cérebros que se alimentam da retórica da violência, procurando argumentos para a manter e usá-la segundo o seu próprio prazer e vontade. E, convenhamos, Hobbes já nos dizia que, afinal, no seu estado de natureza, o ser humano não é propriamente uma criatura boa e altruísta. O poder será sempre a cenoura na ponta do fio. Seguir essa tendência de forma acrítica, proferindo frases irreflectidas ao vento, e espalhando-as como se fossem verdades absolutas, nunca nos fará melhores.

Sobre a liberdade de expressão, conceito tão maltratado, em consequência do atentado, depois de anos de luta por sermos quem somos e podermos manifestar a nossa opinião sem condenações, muitíssimo haveria a dizer. Especialmente depois de ler em tantos locais por aí que os cartoonistas do Charlie Hebdo (e outros, já agora, por arrastamento e, ah, olhem só como seria bom, todos os jornalistas!) deveriam ter sido/ser mais "razoáveis", como se fosse deles a culpa do que lhes aconteceu, vejo como há pessoas cujo desconhecimento histórico afecta, e muito, o julgamento. E como devemos temer o esquecimento da História!

Confesso, não sou adepta da ideia de Stuart Mill que tudo deva ser dito, especialmente nos media, pelo papel e poder que têm (nós, os que pouco influenciamos, que digamos o que quisermos que a única coisa que afectaremos é, de facto, a noção que outros têm de nós), mas a única linha clara que desenho (e que, para mim, é óbvia, embora reconheça que não é consensual e cada um tem a sua opinião) é efectivamente no discurso do ódio, na incitação à violência gratuita, directa, força activa em genocídios e crimes contra a Humanidade. Toda a gente se lembra com certeza do papel dos locutores de rádio no Ruanda em 1994, que iniciam a matança apelando aos hutus que "matem as baratas!". Isto sim parece-me condenável. Agora, não se confundam! Estamos a falar de um Estado democrático (França), de uma publicação de humor que era reconhecida como referência na sua área e que satirizava democraticamente em todas as direcções. Os olhos do Charlie Hebdo e o humor (infelizmente incompreendido por tantos) que jorrava das suas páginas não tinha um alvo preferencial, não era anti-islâmico, não era anti-nada, era apenas um grupo de mentes (brilhantes, que para mim quem faz bom humor tem de ter sempre uma capacidade intelectual acima da média) que brincava com tudo e todos, provocando a reflexão através do riso, de situações cómicas, de desenhos geniais (uns mais do que outros, mas é sempre a arte) e que, pelos que acompanhei, nunca incitaram o ódio contra quem quer que seja, pelo contrário, tratava todos por igual na sua jocosidade (imaginem como deveria ser divertido trabalhar numa redacção destas!). Colocar limites temáticos a cartoonistas destes é, no mínimo, desrespeitador. Tanto quanto teria sido dizer a Gil Vicente "Vá, agora não escreves nada sobre costumes da sociedade, que pode sentir-se ofendida. Gil, sê razoável.". Ou a Molière, também francês, ou a qualquer autor satírico... O que não teríamos perdido!

Sejamos razoáveis! Nenhum profeta foi vingado (pelo contrário, quero acreditar que, a haver algo/alguém, se ria desalmadamente de braço dado a moisés e a afins personagens das caricaturas que lhes fazem) pelo atentado, como nenhuma religião, nem deus foram ofendidos pelos desenhos. Afinal, não acreditamos que eles estão acima de nós em tudo?! Não compreenderão o humor e a sátira, já que são seres tão superiores a nós, reles mortais?! Tristes de quem não o compreendem, e que aproveitam a deixa para alimentar a raiva, a incompreensão e a violência e limitar liberdades conquistadas por vezes a custo de tantos. 


         


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Maternidade | E que assim se abra o diálogo!

Cada pessoa sente a sua gravidez (e a própria vida, se formos a estender o conceito) à sua maneira. Por mais que nos informemos, que procuremos estar preparados para tudo e mais alguma coisa, na realidade os sintomas vão e vêm e são mais ou menos arrebatadores independentemente dos livros que leiamos, dos especialistas que consultemos, das pessoas que ouçamos. Não estou a dizer para seguirem a vossa intuição de forma totalmente aventureira, se tal não o quiserem fazer, mas apenas para relaxarem e fazerem o que mais segurança, confiança e paz vos dê, com a consciência de que a vossa gravidez será sempre a vossa, de mais ninguém. Eu, por exemplo, leio sobre determinados assuntos e separo muito o que acho que vai ao encontro daquilo que eu sinto e quero, estando sempre aberta a imprevistos, que são o prato de cada dia. Mas nem toda a gente tem, nem deve, ser assim. Estamos a falar de escolhas, não de um manual fechado de como se viver esta fase. 

Posto isto, e sublinhando o facto de este relato ser só e tão somente a minha visão (mais uma vez, a minha experiência, destes meus nove meses que estão no final), se alguém vos disser, logo no início, mal apresentam a boa nova, para aproveitarem tudinho da gravidez ao pormenor, ao segundo, porque será uma das melhores, mais felizes, mais bonitas, mais etc. e tal fases da vossa vida, franzam a sobrancelha e façam cara ameaçadora: das duas uma, ou essa pessoa vos mente, ou encontrou algum elixir mágico e não quer partilhá-lo com o mundo. Ou, numa terceira hipótese, essa pessoa tem alguma disfunção em algum (ou mais) campos da vida pessoal, que canaliza tudo para um determinado momento, tornando-o um mundo de nuvens de algodão doce e cavalos mágicos alados, mas, mais uma vez, isso são outros quinhentos.

A gravidez, ou, vejamos, para não ferir susceptibilidades, a minha, não é pêra doce. Nem poderia ser. O corpo está, afinal, a adaptar-se a um ser estranho, que se gera e cresce dentro dele, forçando-o a reequilibrar-se, a reestruturar-se, a abrir-se e a trabalhar de forma diferente e muito mais acelerada. Parece uma tarefa simples e sem quaisquer danos colaterais? A mim não, nunca me pareceu, muito embora tivesse sido uma gravidez planeada, desejada e que nos faz muitíssimo felizes, não me entendam mal. Talvez o meu corpo, numa mente de control-freak, frenética, não estivesse habituado a ser forçado literalmente a abrandar, a sentir o descontrolo total e necessidades absolutas. Durante a gravidez, se houve coisa que o meu corpo me ensinou foi que quem mandava aqui, nesta fase, era ele, na sua tarefa hercúlea de gerador de um novo ser, uma nova entidade, com uma mente, com vontades, com uma vida que não era a minha, que eu não controlava totalmente. Mais uma vez, digam a uma fanática pelo controlo e perfeccionismo que, a partir de agora, nem tudo dependerá dela, por mais que ela seja o palco no qual se dá toda a acção. Digam-lhe que pode fazer tudo bem, tudo da melhor forma possível, que pode organizar o tempo, a sua vida, como especialistas mandam, e mesmo assim ser assolada por imprevistos que obrigam a mudar agendas, a rever objectivos, a reescrever o caminho que traçou, mesmo a curto prazo... É tarefa árdua (por mais que seja desejado!). 

Conciliar papéis e funções de facto não é fácil, mas, acreditem, para mim, estes têm sido meses de aprendizagem, com o meu corpo no lugar de professor paciente. O tempo é contado de forma diferente, meses passam a semanas, os trimestres ganham outro sentido e as metas começam a ser instituídas por ecografias morfológicas, análises ao sangue e preparativos básicos como a compra de carrinhos, berços, fraldas e tudo o que o bebé precisar. Afinal, queremos que seja bem-vindo, com o melhor que temos para dar (que, mais uma vez, depende de cada pai/mãe e não é necessariamente a mesma coisa). As horas que consagrámos a determinados fins são, subitamente, arrebatadas por necessidades com as quais não estávamos à espera e a nossa reacção, outrora (quiçá) intensa, afectará, agora, outro ser. O stress, a ansiedade, as preocupações devem ficar para segundo plano e, para uma ansiosa crónica, reconhecer quando parar e quais as prioridades que marcarão o resto da nossa vida é um passo importante e essencial a dar. Sim, estes nove meses não têm sido apenas de crescimento físico, a adaptação mental, identitária, foi um processo que começou no início, desde que as duas linhas ficaram vermelhas, não apenas algo que se dará na altura do parto (pelo menos da mãe, o pai é todo um outro assunto).  

Como, nesta Salinha, sempre se propôs falar, partilhar, dialogar sobre qualquer assunto que poderá ser de interesse, eis que este será o primeiro de alguns mais pessoais sobre o que foram estes nove meses. Sem cavalos brancos alados e arco-íris mágicos. Não porque quero massacrar alguém com relatos chatos e até incomodativos de uma intimidade forçada (nem isto é um diário, nem eu sou pessoa para os pequenos dramas sensacionalistas que tanto atraem), mas porque a alguém que, como eu, procure a internet para outras experiências, outras visões, outras sanidades (que há algumas à minha volta que eu questiono, francamente -- e que por sua vez me devem questionar a mim, e eu vivo muitíssimo bem com esta multiplicidade de perspectivas, desde que não haja coerções de parte alguma), a minha pode agradar e até servir de alívio entre tanta coisa que se ouve, mesmo sem se pedir, de gente tão diferente de nós. Felizmente tenho, agora, algumas pessoas, que se contam pelos dedos das mãos, cuja opinião prezo e com a qual me identifico, perto de mim. Recorro a elas, sempre, em dúvida. Mas nem sempre foi o caso e confesso que o primeiro trimestre (o próximo post) foi o que mais me assustou. 

Se tiverem alguma sugestão, opinião, experiência ou partilha, não se acanhem, por favor. Eu ainda sou uma novata, ainda no processo, muito já passou mas ainda mais está pela frente. Todo o diálogo é bem-vindo. Obrigada! :) 

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