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sábado, 8 de março de 2014

Dicas que dão jeito # 10 - Os sabores do Quartier Latin

Quando passeamos por Paris, uma das coisas que nos chama desde logo a atenção é o preço da restauração. Toda a gente que por aqui passa leva na memória pratos, normais, a mais de 15 euros (e a chegar aos entas num sítio melhor), cafés a três ou seis euros, sobremesas a perto de dez e vá, nem se fala do que custam as bebidas, um assombro para quem, no seu país, paga o mesmo por um prato. Ao todo, numa refeição completa, num restaurante mais comum, aqueles cujas esplanadinhas com aquecedores e mantas polares no Inverno criam cenários românticos cinematográficos, podemos preparar-nos para receber contas de quarenta euros, ou mais, por pessoa. Por isso, o turista mais descapitalizado come crepes, sandes e as pequenas viennoiseries que vai encontrando nas boulangeries espalhadas pela cidade, ou nas cadeias de comida rápida, que encontram em todo o lado. Cá em casa, por mais que sejamos práticos e bem humildes na escolha das refeições, não conseguimos, nem queremos, visitar uma cidade sem provar alguns pratos mais tradicionais. Nas nossas buscas estão sempre, por isso, locais bons e baratos, onde quer que vamos. E foi assim que abraçámos, com carinho e muito amor, zona de Saint Michel e o Quartier Latin.


As pequenas ruas repletas de restaurantes a bons preços, mesmo à beira do Sena, ali pertinho de Notre Dame, do Panthéon e a uma caminhada do Louvre, têm qualquer coisa de acolhedor e pitoresco que eu adoro. Lá, sinto-me, realmente, num Paris do qual gosto imenso, multicultural, com escolha e, acima de tudo, amiguinho dos bolsos mais pequenos. As opções são diversas, entre comidinha tipicamente francesa, com a sopa de cebola gratinada a aparecer em todos os menus, até aos souvlakis gregos, ou às especiarias indianas e ao que mais consenso reúne, a culinária italiana. É um Paris acessível a todos, que convida a entrar, sentar, relaxar e a reunir forças para o resto do dia de passeio.

Normalmente gerido por estrangeiros (o que incomoda os autóctones, orgulhosos da manutenção dos preços mais elevados, desafiados por estes), é uma região com várias línguas e sotaques, que nos chamam a descobrir as várias Formules (menus), a preços competitivos, que têm para oferecer ao transeunte. A Rue de la Huchette é sempre o nosso ponto de partida em busca de um lugar para comer, consoante o que nos apetecer no dia. Em frente de cada restaurante há placas com as ofertas que começam, normalmente, nos menus de 10 euros, podendo chegar aos 16, com entrada, prato e sobremesa. Os três, com umas quatro ou cinco opções entre as quais podemos escolher o que mais convém à nossa fome e vontade. Vários serão os senhores, ou senhoras, a aliciar-vos para o deles, quando vos virem a olhar para as ofertas, mas, não se preocupem, levem o tempo que quiserem para ver as outras e decidir, sem se enfiarem no primeiro. Há muito por onde escolher.

Nos vários meses que já passámos pela cidade das luzes, há alguns restaurantes que mereceram destaque e, até, um regresso simpático. Para uma refeição com pratos franceses, com toque de caseirinho e um espaço muito convidativo, temos o Petite Hostelerie, na Rue de la Harpe, onde encontrámos a melhor sopa de cebola gratinada que já provámos, como entrada. Duas das especialidades como prato principal da casa são o Boeuf Bourguinon, uma carne estufada servida com batata cozida ou puré, ou a Andouillete, uma salsicha fresca feita de tripas de porco ou vaca, de sabor bem forte, só mesmo para quem gosta. Para fechar a refeição, a Tarte de Maçã, quentinha e ladeada de crème fraîche, é uma óptima escolha. Os três, no menu de 10 euros.

Quem quiser pratos mais simples, com massas ou um bife com molho de pimenta, encontra várias opções, na Rue de la Huchette. Um dos nossos favoritos deste género é o La Braserade, com um empregado muito simpático e boa comida, com menus a 12 euros. Como entrada, o melhor que já lá comi foi o crepe de queijo e, diz quem o provou, o gelado de baunilha é delicioso como sobremesa. A mousse de chocolate também não é má, admito. Como prato principal, eu já provei uma massa com cogumelos boa e o Steak au Poivre (bife com pimenta) é muito bom, acompanhado com as melhores batatas fritas que comemos nessa região.  


Se, por outro lado, quiserem provar algo diferente, podem experimentar alguma especialidade grega. Recentemente, descobrimos o Le Fil d’Ariane, com especialidades da Ilha de Creta e um espaço bastante agradável, à média luz. Confesso que não é tão bom quanto o que comi na Grécia, mas posso também estar a ser atraiçoada pela memória inebriada da lua de mel. De qualquer forma, é muito bom para provarem algumas delícias helénicas, entre as quais, para entrada, um Tzatziki (pasta de iogurte com pepino e ervas), o Souvlaki (espetadinhas de carne) e, para finalizar, um Galaktobureko, um dos muitos sabores maravilhosos que trouxe e que, julgava eu, não iria encontrar noutros lados. Bem doce, é uma sobremesa com massa brique, estaladiça, com um creme de leite dentro e embebida em calda de açúcar. Uma pessoa saliva só de falar nela.

Estes são apenas três exemplos de restaurantes a bons preços e boa comida (a relação ideal), que encontramos pelo Quartier Latin. Entre 10 a 16 euros por pessoa, podem ficar pelas formules e pedir apenas uma Carafe d’eau (gratuita), ou vinho no jarro (uns 10 euros), para acompanhar. Guardem um espaço na vossa agenda para passearem por lá, quem sabe entre a visita à catedral do Quasimodo e a entrada no Louvre, ou depois da visita ao Panthéon e antes do passeio no Sena de barco, que se apanha ali ao lado. Não se esqueçam de que vale sempre a pena, também, conhecer os sabores de uma cidade.



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